E-commerce da empresa no Brasil sobe 175% nos nove primeiros meses do ano
A pandemia acelerou uma série de processos tecnológicos dentro da L’Oréal no Brasil e os frutos até o momento têm sido positivos para a companhia, que não revela os resultados financeiros no mercado brasileiro, mas ressalta que as vendas on-line já respondem por 10% do faturamento da empresa no país.
A presidente da L’Oréal no Brasil, An Verhulst-Santos, diz que a pandemia obrigou a companhia a dar, em cinco meses, passos que eram planejados para serem dados ao longo de cinco anos. Dados da Nielsen mostram um crescimento de 53,9% no comércio eletrônico de produtos de beleza nos oito primeiros meses do ano, na comparação a igual período de 2019. A L’Oréal avançou uma vez e meia o mercado de e-commerce na mesma comparação, ou seja, uma alta da ordem de 80,4%.
Mas na comparação das vendas da L’Oréal no Brasil nos primeiros nove meses de 2020 – neste caso, até setembro – com os primeiros nove meses de 2019, as vendas on-line da companhia cresceram 175%.
A empresa tem suas atividades divididas em quatro divisões, a L’Oréal Luxe (divisão de luxo); Consumer Products (grande público); Active Cosmetics (cosmética ativa); e Professional Products (salões de beleza) e An ressalta que cada uma dessas divisões teve crescimento na casa dos dois dígitos no terceiro trimestre, quando feita a comparação com igual trimestre do ano passado. “No momento de afastamento social, posso dizer que nunca fomos tão próximos entre nós e com nossos clientes e consumidores”, diz An, belga de nascimento que “se encantou” com o Brasil na primeira visita em 2004 e está há quatro anos à frente da L’Oréal no país. “Realmente a aceleração digital foi rápida porque precisávamos nos organizar para acelerar, para acompanhar os desejos do consumidor, que é o nosso papel. O segundo trimestre foi bastante difícil, mas houve um ‘rebound’ importante no terceiro trimestre”, acrescenta a executiva.
Ela cita como exemplos de serviços digitais implementados durante a pandemia o “Virtual Try On”, que consiste na experimentação de produtos como sombra, blush e batom usando imagens do cliente na tela de um computador ou celular. No programa desenvolvido pela empresa, os consumidores podem testar digitalmente como ficarão produtos voltados para maquiagem ou coloração de cabelos das linhas Maybelline, Garnier, L’Oréal Paris, Niely, Redken, L’Oréal Profissionel e Lancôme. Há também o serviço de diagnóstico de pele, para o qual podem ser usados o Skinconsult de Vichy e o Spotscan de La Roche-Posay. Em todos os casos, as plataformas de testes são encontradas nos sites das marcas.
“Todas as coisas que fazemos fazem parte do nosso DNA. E a pandemia acelerou todas as transformações”, diz An. “Tudo que é para o rosto e coloração de cabelo em casa teve boom importante.”
Essas iniciativas já dão resultado no aumento da interação dos consumidores com as marcas. O tempo de interação é até três vezes maior quando há a possibilidade de uso desses serviços digitais. No caso da Maybelline, por exemplo, mais de 20% da audiência do site da marca já acessa o “Virtual Try On” ou outra ferramenta de experimentação digital.
A executiva também faz questão de falar sobre a união com dez empresas do setor de bens de consumo para um movimento coletivo para acelerar a agenda de igualdade racial no Brasil. “A promoção da igualdade é prioridade na nossa agenda. Estou pessoalmente comprometida com este tema e convencida de que não há outra forma de seguirmos em busca de uma sociedade mais justa e igualitária que não seja por meio ações concretas e urgentes”, ressalta, citando o programa L’Oréal Plural e a abertura do banco de talentos para profissionais negros e negras.
Ela lembra ainda dos efeitos da pandemia e as ações que a companhia faz para reduzir seus impactos, como a fabricação de 190 toneladas de álcool, com doações para hospitais e comunidades em todo o país. “Foi a primeira vez em que uma crise realmente ameaçou a saúde dos nossos trabalhadores”, afirma An, que conversou com o Valor a partir de casa, por meio de videoconferência.
Fonte: Valor Econômico