Mesmo não faça sentido culturalmente, consumidor já enxerga como um dia de grandes vantagens
A Black Friday (sexta-feira negra) é a data mais esperada pelo mercado varejista nos Estados Unidos, pelas suas grandes liquidações em todas as lojas do país. O dia de descontos é uma tradição comercial relacionada diretamente ao feriado de Ação de Graças quatro dias de descanso no final de novembro quando as famílias se reúnem e em festas e jantares.
Como a sexta-feira após o feriado abria a época de compras para o natal, sempre havia muitas pessoas e congestionamentos enormes nas ruas. Essa loucura toda foi amplificada em artigos e matérias de jornais. Então na década de 70, o uso do termo passou a ser conhecido pela publicidade, que aproveitava a correria das cidades durante o evento. Até hoje, é o dia de maior alta das vendas em todo o país.
Apesar de o feriado de Ação de Graças não ser comemorado no Brasil, que costuma ter no final do ano suas madrugadas de liquidação, há quatro anos, a Black Friday chegou. O mercado varejista se apoderou da data e passou a realizar promoções seguindo a onda dos americanos. Mesmo que o termo não faça sentido culturalmente, o consumidor entende que se trata de um dia de grandes vantagens com quedas de preços. Assim, o varejo nacional encontrou mais uma oportunidade de vender mais, antes das festas natalinas e bem antes dos últimos dia do ano.
O primeiro evento foi em 2010, e foi 100% focado no comércio eletrônico. Tanto funciona para esta área do varejo, que hoje, os eletrônicos têm na Black Friday sua principal data de vendas em comparação a qualquer época do ano. Mas lojas físicas e de variadas áreas atualmente também aderiram ao dia especial de descontos.
Mesmo assim, ainda há uma certa desconfiança dos consumidores, por terem sido descobertas algumas fraudes nas liquidações. Nos últimos três anos, vários estabelecimentos que anunciaram os descontos, haviam aumentado os preços semanas antes da data. Com isso, a Black Friday tupiniquim teve sua aderência fortemente ameaçada.
Por causa disso, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) criou o Código de Ética da Black Friday e um selo oficial outorgado a lojas físicas ou eletrônicas que aderirem à regulamentação. Os que não aderirem e não respeitarem o código, estarão sujeitos desde advertências até suspensão do uso do selo e divulgação das ações na internet.
Com esta maior fiscalização, o consumidor terá mais segurança na hora de realizar suas compras na Black Friday. Além dessa confiança, as preparações para este ano estão mais organizadas. Os varejistas começaram mais cedo e se prepararam com ofertas especiais há bastante tempo. Com isso, a expectativa para este ano é de que as vendas poderão ser três vezes maiores em relação ao ano anterior.
*Rubens Panelli Junior é especialista em varejo e consumo e sócio diretor da Painelli & Associados. Atuou durante 12 anos como Diretor de Marketing e Comercial da C&A Modas Brasil e Argentina, foi CEO da Boutique Daslu, Diretor Comercial da Paramount Textêis. Rubens é sócio diretor da Panelli & Associados.
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