Mais do que o boom do loungewear e das dúvidas sobre o que o guarda-roupa significa e representa num momento de crise, a crise do coronavírus trouxe para a indústria da moda diferentes indagações sobre o futuro. Não só no que tange problemas antigos da categoria como sustentabilidade e responsabilidade social como reestruturação do varejo a pandemia trouxe novas questões: o que serão dos desfiles de moda? Das tendências? A #guillotine2020 anuncia o o início do fim da influência digital de moda? E o oportunismo da tragédia, com o covidwashing?
Sobre essas e outras questões, conversamos com Mariana Moraes, gerente sênior de marketing da C&A. Graduada em Comunicação pela Cásper Líbero e com MBA em Administração e Estratégia de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Mariana está na fast fashion há 6 anos, onde liderou grandes projetos como a mega-ação feita com o BBB neste ano que gerou um crescimento de 674% no interesse por C&A nas buscas no Google durante a transmissão das ações.
O futuro do fast fashion e sustentabilidade
“O mercado vem mudando há alguns anos e a nova geração de consumidores está, cada vez mais, preocupada e engajada com a sustentabilidade, questões sociais e diversidade. Durante a pandemia, este movimento se intensificou. Hoje, o desejo de compra do consumidor vai além da qualidade do serviço, variedade de sortimento etc. Os brasileiros querem produtos de marcas com propósitos consolidados, ou seja, que se preocupam com o meio ambiente, com o país de atuação, com os seus funcionários, entre outros fatores. A tendência é que as pessoas procurem uma moda mais pessoal, uma história mais longa com a roupa, com dimensão de consciência e sustentabilidade ainda maior.
Na C&A, contamos com uma Plataforma Global de Sustentabilidade responsável por nortear de forma integrada as ações e metas da companhia relacionadas à sustentabilidade em todos os países onde a C&A está presente, incluindo o Brasil. Atualmente, nossas iniciativas estão estruturadas em três pilares de atuação: Produtos Sustentáveis, Rede de Fornecimento Sustentável e Vidas Sustentáveis, com metas alinhadas ao nosso negócio que vão até 2020. Essas ações estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, com foco, principalmente, em: Igualdade de Gênero; Água limpa e saneamento; Trabalho decente e crescimento econômico; Consumo e produção responsáveis; Ação contra a mudança global do clima”
A nova comunicação de moda digital
“Em toda crise, existe uma oportunidade de crescimento. Desde o início da quarentena, a criatividade tem um papel fundamental para manter as empresas ativas e relevantes no dia a dia das clientes. Neste sentido, estamos produzindo, em parceria com influenciadores digitais e microempreendedores, uma agenda interessante onde a disseminação do conteúdo está voltado ao cuidado da marca com a cliente e o seu momento, em linha com o nosso posicionamento de marca, o C&A Muito Eu, que coloca a consumidora no centro da estratégia da companhia. O C&A em Casa é um importante exemplo, pois oferecemos aulas, lives, cursos e bate-papos sobre temas variados para ajudar os brasileiros a cuidarem da sua saúde física e mental. Também, outra iniciativa a qual nos orgulhamos fazer parte e, ainda, saindo dos moldes tradicionais de produção de conteúdo de moda, é o editorial 100% produzido e fotografado a distância em parceria com o Garotas Estúpidas. Os cliques foram feitos por meio de plataformas de vídeo e reforça que a quarentena é uma questão de tempo e que a cliente pode continuar sendo ela mesma, independentemente da situação”
E-commerce do futuro
“O e-commerce e novos serviços digitais já vinham ganhando espaço no varejo nos últimos anos, sobretudo no varejo de moda. Com a pandemia da COVID-19, este processo foi acelerado e providencias imediatas foram necessárias. Ou seja, as empresas que já vinham acompanhando esta modalidade, estavam mais preparadas em comparação as que ainda não disponibilizavam seus produtos em marketplaces. A C&A é uma empresa omnicanal e sempre investiu em tecnologia, sobretudo nos últimos 5 anos, para oferecer o melhor dos dois ambientes para a cliente. Só em 2019, mais de R$ 106 milhões foram investidos em tecnologia, dentre facilidades, e-commerce e APP, para que eles sejam cada vez mais intuitivos, informativos e completos”
Fonte: Marie Claire