Sob efeito da pandemia de covid-19, o volume de vendas no varejo restrito — que exclui as atividades de automóveis e materiais de construção — recuou 2,5% em março, frente a fevereiro, pela série com ajuste sazonal, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da maior queda das vendas do varejo desde janeiro de 2016 (-2,6%). Para meses de março, é a maior queda desde 2003 (-2,7%).
No entanto, o resultado do varejo restrito em março ficou melhor do que a mediana estimada pelo Valor Data, de queda de 4,1%.
O resultado reverteu a alta de 0,5% das vendas do varejo de fevereiro — dado revisado do aumento de 1,2% anteriormente divulgado.
Quando comparado a março de 2019, o varejo restrito recuou 1,1%. Desta forma, o setor acumulou alta de 1,6% no ano. Pelo acumulado em 12 meses até março, o volume de vendas apresenta alta de 2,1%.
O IBGE também divulgou que a receita nominal — sem descontar a inflação — do varejo restrito recuou 1% na passagem de fevereiro para março, pela série com ajuste sazonal. Frente a março de 2019, a receita recuou 0,4%.
No primeiro trimestre deste ano, o volume de vendas do varejo restrito recuou 2% na comparação ao quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal.
Sob efeitos das medidas de enfrentamento da covid-19, o resultado é a maior queda desde o primeiro trimestre de 2016 (-2,7%).
Varejo ampliado
O volume de vendas do varejo ampliado — que inclui comércio de automóveis e material de construção, além de outros oito segmentos — recuou 13,7% em março, na comparação a fevereiro, feitos os ajustes sazonais.
Esta foi a maior queda das vendas do varejo ampliado da série histórica, iniciada em fevereiro de 2003.
O resultado ficou um pouco melhor que o esperado pela mediana de consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data, de queda de 14,1%.
De acordo com o IBGE, o volume do varejo ampliado recuou 4,2% na comparação a março de 2019. Desta forma, passou a acumular estabilidade no ano e alta de 3,3% nos últimos 12 meses até março.
A receita nominal do varejo ampliado recuou 12% na passagem de fevereiro para março. Frente a março de 2019, a receita teve queda de 2,8%.
O IBGE divulga o resultado do varejo ampliado, com veículos e materiais de construção em separado, porque as duas atividades também têm atuação no atacado.
As vendas de veículos, motos, partes e peças apresentaram queda de 36,4% em março, na comparação a fevereiro. Os materiais de construção recuaram 17,1% por essa base de comparação.
No trimestre, o varejo ampliado recuou 4,4% no primeiro trimestre, frente aos três meses anteriores, com ajuste sazonal.
Neste caso, trata-se da maior queda desde quarto trimestre de 2008 (-7,3%).
Atividades
O volume de vendas no varejo recuou em oito das dez atividades analisadas no conceito ampliado em março, frente a fevereiro, de acordo com a PMC.
As quedas mais intensas ocorreram nos ramos de tecidos, vestuário e calçados (-42,2%); veículos e motos, partes e peças (-36,4%); livros, jornais e papelaria (-36,1%); móveis e eletrodomésticos (-25,9%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%).
Outras quedas no mês foram materiais de construção (-17,1%); equipamentos de informática e escritórios (-14,2%); e combustíveis e lubrificantes (-12,5%).
Os resultados mostram que os impactos do isolamento social para enfrentamento da covid-19 foram disseminados no varejo brasileiro em março, período em que a quarentena foi iniciada, sobretudo nos últimos dez dias do mês.
As vendas registraram aumento em março, ante fevereiro, nos ramos considerados essenciais: hiper e supermercados (16,3%) e artigos farmacêuticos e perfumaria (1,3%).
Fonte: Valor Econômico