O varejo do Reino Unido enfrenta uma crise diante da expansão do comércio eletrônico, intensa concorrência e impacto do Brexit, que levam ao fechamento de lojas e corte de empregos.
O país pode servir de estudo sobre os problemas enfrentados pelo varejo em todo o mundo, e a falência da unidade britânica da varejista de produtos para bebês Mothercare é apenas o exemplo mais recente. Com rivais on-line de rápido crescimento, como Boohoo Group e Amazon.com atraindo compradores, as redes tradicionais já estavam em dificuldade antes que a desvalorização da libra começasse a afetar os padrões de vida e diminuir ainda mais as vendas.
Ainda assim, há exceções. Executivos explicaram como algumas varejistas do Reino Unido conseguiram prosperar durante o apocalipse:
Next
A varejista de roupas, fundada há 155 anos, é uma raridade – uma marca de lojas físicas que fez uma transição de sucesso para o comércio eletrônico. A unidade on-line da Next registrou vendas de quase 2 bilhões de libras (US$ 2,6 bilhões) no ano passado, e as ações da empresa acumulam alta de 67% em 2019.
O braço on-line estreou em 1999 com um investimento de 7 mil libras no site, que na época era apenas uma tela em que os clientes inseriam os números de itens do catálogo. Esse avanço na web foi fundamental para o crescimento da Next, disse o CEO Simon Wolfson.
O executivo também destacou medidas como a abertura de lojas combinadas, que vendem roupas e artigos domésticos, e a venda de marcas de terceiros como Levi’s e Gucci. Este ano, a Next instalou os armários da Amazon em centenas de locais para os clientes buscarem as entregas, com a expectativa de aumentar o tráfego nas lojas. A Next tem um plano de 15 anos para reduzir os aluguéis e o número de lojas gradualmente para gerar lucro, em vez de recorrer a medidas drásticas que forçaram outras redes a demitir milhares.
“O varejo não é um negócio em que você precisa tomar grandes decisões”, disse Wolfson em entrevista em setembro. “Você toma pequenas decisões, experimenta coisas e depois maximiza as oportunidades que elas apresentam.”
Primark
Controlada pela Associated British Foods, a rede de roupas com desconto desafia a teoria de que varejistas devem focar no comércio eletrônico para ter sucesso. A Primark não vende on-line porque não cobra o suficiente pelas roupas para justificar o custo da operação, segundo o diretor financeiro da AB Foods, John Bason. Até agora, não foi necessário: a Primark registrou oito anos consecutivos de crescimento do lucro.
A Primark é uma das poucas varejistas britânicas que ainda abre lojas. Isso inclui uma enorme Primark de 14.900 metros quadrados distribuídos por cinco andares, inaugurada este ano em Birmingham, Inglaterra.
Uma grande vantagem é conhecer bem o cliente. Os gerentes das lojas selecionam produtos em seus computadores todas as manhãs e determinam quanto precisam para o dia seguinte. É o mesmo modelo adotado pela Inditex, dona da Zara, o que permite uma resposta mais ágil às tendências.
Fonte: UOL