Um ano e cinco meses após comprar a Vult Cosmética, o Grupo Boticário começa a mudar a estratégia da marca, que no ano passado faturou R$ 500 milhões.
Desde agosto, dos 300 itens que a Vult tem no portfólio, 50 estão sendo produzido pelo Boticário na fábrica de São José dos Pinhais (PR). São produtos para pele, unhas e sobrancelhas. O restante é feito por terceiros.
Com a mudança, a Vult reduziu custos, elevou a margem de lucro e ganhou agilidade para abastecer o varejo, disse Isabella Wanderley, vice-presidente de novos canais do Grupo Boticário. Na categoria de pele, que faz o maior volume de vendas na Vult, são produzidos pelo Boticário itens como blush, iluminador e um creme que reúne proteção solar, tratamento e cobertura.
Neste ano a Vult planeja lançar 90 itens, pouco mais que o dobro da média histórica da marca de Mogi das Cruzes (SP). Entre as principais novidades da nova fase está o We Love Tint, que de um lado é batom e do outro, um fixador que promete manter o produto na boca por até 12 horas.
Produtos como esmaltes e lápis de olho continuarão sendo feitos por terceiros. Os demais estão sendo desenvolvidos pela equipe de inovação do Boticário.
Criada há 15 anos por Murilo Reggiani e Daniela Cruz, a marca enfrentava problemas para disputar o mercado fora de São Paulo devido a questões tributárias e de logística. Os produtos chegavam a ficar entre 20% e 30% mais caros. Agora, estão entre 10% e 15%.
A logística passou a ser feita pelo Boticário. A distribuição foi centralizada no Espírito Santo, que oferece mais incentivos tributários do que São Paulo. Com a mudança, a margem de lucro da Vult teve uma pequena melhora.
Isabella considera que o ambiente econômico está desafiador para vender maquiagens. “Atualmente, nosso trabalho é retomar os pedidos com alguns lojistas que estão [mais céticos] com a economia”, disse a vice-presidente de novos canais. A marca Vult é distribuída em cerca de 30 mil pontos de venda. Com essas lojas, a Vult cobre cerca de 90% do país, segundo o Grupo Boticário.
Dados da Nielsen referentes ao período de janeiro a julho, indicam que as vendas do setor de produtos de beleza, em valor, encolheram 0,8%, na comparação anual. Enquanto isso, cresce a disputa pelo consumidor com marcas de menor porte como Ruby Rose e Dailus.
“Mais marcas estão aparecendo, mas sabemos quais são nossas fortalezas, como a precificação. No momento em que o bolso do consumidor [está em situação] difícil, respondemos apresentando produtos acessíveis e com qualidade”, disse Isabella.
Segundo a Euromonitor International, o segmento de maquiagem movimentou R$ 9,1 bilhões no ano passado, com queda de 1,3% em relação a 2017. O Grupo Boticário ficou na liderança ao deter fatia de 22,1%, seguido por Avon (16,3%), Coty (10,1%), Natura (9,3%) e L’Oréal (9,2%).
Fonte: Valor Econômico