A Guararapes, controladora da Riachuelo, enfrentou um cenário contraditório no segundo trimestre. De um lado, teve de lidar com o excesso de estoque de itens de inverno, devido ao clima mais quente que o habitual. De outro, a companhia perdeu vendas por falta de produtos nas lojas, principalmente itens básicos, como camisetas, calças e bermudas.
“Houve erros na execução que foram corrigidos ainda no segundo trimestre”, disse ontem Oswaldo Nunes, presidente da Riachuelo. A varejista informou que conseguiu ajustar sua operação e já apresentou resultados melhores em julho.
A Guararapes também contratou a consultoria Falconi para auxiliar na melhoria de seus processos de governança e de gestão das áreas comercial, industrial e logística.
No segundo trimestre, a Guararapes registrou lucro líquido de R$ 54,9 milhões, o que representou uma queda de 38,3% em relação ao mesmo período de 2018. A receita líquida cresceu 4,4%, para R$ 1,86 bilhão. A receita proveniente da venda de mercadorias encolheu 0,4%, para R$ 1,26 bilhão. As vendas em lojas abertas há mais de 12 meses recuaram 1,6% no trimestre.
Nunes disse que a varejista mudou a forma de enviar os produtos para as lojas, passando a entregar um número mínimo de peças em cada loja no começo da estação de inverno. A intenção era fazer mais entregas ao longo da estação, em volumes menores, fazendo uma adequação da oferta de produtos em cada loja.
No entanto, esse envio mínimo provocou a falta de produtos básicos, justamente aqueles de maior procura nas lojas. Ao mesmo tempo, sobraram peças de inverno, devido ao clima mais quente. “Fizemos ajustes na distribuição, passando a fazer envios mais robustos de itens para as lojas a partir do fim de maio. Isso ajudou a melhorar as vendas a partir de junho”, afirmou Nunes.
A Riachuelo também fez uma promoção mais forte neste ano após o Dia dos Namorados, para reduzir os estoques dos itens de inverno. Em julho, disse Nunes, os estoques de inverno eram 30% menores em comparação a 2018. “Houve melhora nas vendas em mesmas lojas [abertas há mais de 12 meses] em julho. A coleção de primavera têm apresentado uma performance dentro do planejado”, acrescentou.
Em relação aos planos de transformar a Midway, braço financeiro da Guararapes, em banco digital, Newton Rocha, diretor de relações com investidores da Guararapes, disse que espera aprovação pelo Banco Central ainda neste trimestre. A unidade terá carteiras comercial e de crédito, serviços de financiamento e de investimento.
“Temos uma operação com 31,6 milhões de cartões, sendo 6 milhões de clientes ativos. É uma operação rentável e lucrativa”, observou Tulio Queiroz, diretor financeiro da Guararapes. No segundo trimestre, a Midway registrou lucro líquido de R$ 52,8 milhões, com alta de 7,9%. A receita da operação financeira cresceu 16,2%, para R$ 619,9 milhões. A receita relativa a vendas com cartão Riachuelo aumentou 11,4%, para R$ 334,9 milhões. A receita de empréstimo pessoal e saque fácil subiu 20,5%, para R$ 192,2 milhões. Já a provisão de créditos de liquidação duvidosa avançou 29%, para R$ 298,5 milhões, com aumento nas provisões para empréstimos pessoais. “Desde maio, a Guararapes está reduzindo a concessão de empréstimo pessoal para reduzir o risco da operação”, afirmou Queiroz.
A Guararapes espera encerrar o ano com um nível de perdas com inadimplência no empréstimo pessoal de 25%. No segundo trimestre, o nível de perdas era de 23,9%. Em relação ao Cartão Riachuelo, a previsão é fechar o ano com inadimplência de 7,3%, ante 6,6% no segundo trimestre.
Fonte: Valor Econômico