O Sonae, maior grupo varejista de Portugal, decidiu trazer ao Brasil a rede de lojas Zippy, especializada em moda infantil e produtos para bebês (puericultura). A decisão indica um aumento do interesse do grupo pelo país, onde atualmente controla a Sonae Sierra Brasil, administradora de shopping centers.
No passado, o Sonae foi dono no país das redes de supermercados BIG, Nacional, Mercadorama e Maxxi, vendidas para o Walmart em 2005, por R$ 1,73 bilhão. Em 2005, a empresa também vendeu 10 supermercados BIG para o Carrefour, por R$ 317 milhões.
“O grupo começou a prospecção para a abertura de lojas da Zippy no Brasil em 2014. Mas nossos planos foram suspensos porque ficou mais arriscado abrir negócio no país”, disse João Portela, diretor de mercados internacionais do Sonae, em entrevista por telefone.
O executivo disse ver melhoria nas condições macroeconômicas do Brasil neste ano, o que motivou a retomada do projeto. “Estamos preparados para enfrentar algum solavanco na operação. Mas acredito que a tendência é de melhora gradual no país”, afirmou Portela.
A abertura de lojas no Brasil será feita no formato de franquias. O grupo Sonae escolheu para operar como master franquia a GRPF, do empresário Plínio Rodrigues e esposa, Laura Mendonça. Rodrigues também é sócio das empresas Lavsim, Aqualav, Sia Lavanderia e Steriliza.
As primeiras unidades serão abertas no dia 22 de outubro, no Morumbi Shopping, na zona Sul da capital paulista, e no Shopping Tamboré, em Barueri (SP). “A intenção é começar devagar e, no médio prazo, abrir mais lojas com franqueados”, afirmou Portela.
A Zippy está presente em 22 países, além de Portugal. A rede possui 125 lojas, sendo 45 em Portugal. Portela disse que o grupo Sonae faz atualmente expansão das redes Zippy e Salsa (essa última, de moda). No Brasil, a meta é abrir somente lojas Zippy. “Se a abertura de lojas for bem-sucedida, o grupo pode levar a Salsa para o Brasil futuramente”, afirmou o executivo.
Laura Mendonça, sócia da GRPF, disse que a meta da empresa é abrir seis lojas da Zippy em cinco anos, sem contar unidades de franquias. “Também está nos planos abrir um quiosque no Shopping Cidade Jardim [em São Paulo] até o início de 2019”, afirmou.
No Brasil, as unidades terão tamanho de 150 metros quadrados. A Zippy venderá itens de vestuário para crianças de zero a 14 anos com a marca Zippy. A loja também terá e itens de puericultura, como carrinhos de bebê, mamadeiras e brinquedos — esses últimos, com marcas de outros fabricantes. Em Portugal, a Zippy também vende móveis para quarto de crianças.
As linhas da marca Zippy são fabricadas em Portugal, no Paquistão, na China e na Índia. Laura disse que os produtos serão importados, mas, dependendo da evolução das vendas, a fabricação poderá ocorrer no Brasil. A meta da GRPF é gerar uma receita por loja de R$ 4,2 milhões no primeiro ano de operação. Laura disse que as linhas de produtos vão variar entre R$ 20 e R$ 370, com o preço médio em torno de R$ 150.
A consultoria Iemi Inteligência de Mercado estima que o mercado de moda infantil crescerá 5,3% em 2018, para R$ 52 bilhões. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) prevê alta de 8% nas vendas de brinquedos e produtos de puericultura neste ano, para R$ 6,91 bilhões.
Os principais concorrentes da Zippy no país serão as redes Alô Bebê, Ri Happy e Tip Top.
A Ri Happy começou, neste ano, a converter lojas de brinquedo Ri Happy em lojas Mundo Ri Happy, com foco em puericultura. Sandra Haddad, diretora comercial da Ri Happy, disse que a Mundo Ri Happy já possui 11 lojas. “O grupo também tem como meta abrir neste ano 15 lojas”, afirmou. A rede opera com 228 unidades próprias e 39 franquias. A Ri Happy não divulga dados de receita. Sandra apenas que as vendas estão crescendo neste ano.
A Tip Top também expande sua rede de lojas. Ricardo Marcondes, gerente de expansão da Tip Top, disse que a rede abriu nove unidades, chegando a 117 lojas. Do total, 17 são megalojas, de 200 a 300 metros quadrados, com foco em puericultura. Mendonça disse que, apesar do cenário macroeconômico difícil, as vendas da rede cresceram 10% no acumulado de janeiro a agosto. “Para o ano, a previsão é crescer de 10% a 15%”, disse Marcondes. Em 2017, a rede Tip Top cresceu 15%, para R$ 140 milhões.
Procurada, a Alô Bebê, rede de lojas de puericultura, com 27 unidades no país, informou que não tinha porta-voz disponível para dar entrevista.
Fonte: Valor Econômico