De compras coletivas a e-commerce local, o Peixe Urbano permanece em metamorfose. Em entrevista exclusiva ao DCI, o CEO do Peixe Urbano e do Groupon Latam, Alex Tabor, conta que, hoje, a proposta da empresa é ampla. Além de garantir ofertas agressivas, o site quer se consolidar como canal de vendas. O desafio é derrubar as barreiras provocadas pelo desgaste da junção dos ambientes online e offline. Por isso, o foco neste ano é integrar sistemas, especialmente em entretenimento e alimentação, suas principais áreas de atuação.
Em novembro, o Peixe Urbano e o Groupon Brasil anunciaram a fusão das operações que agora, juntas, possuem 37 milhões de usuários.
Como está o processo de integração entre o Peixe Urbano e o Groupon?
Fechamos a negociação no dia 28 de novembro e no dia 17 de dezembro já estava integrado aqui no Brasil. Foi a fusão mais rápida da história. Nos outros países ainda está em curso. A complexidade é muito maior. Foi feito em três semanas no Brasil, vai levar mais que três meses nos outros locais.
Que marca irá predominar no final do processo?
No Brasil vamos manter o Peixe, nos outros países devemos usar Peixe Urbano, ou um derivado desse nome. A gente tem um contrato de utilização de marca da Groupon – que pertence ao Groupon, Inc. americano que é por período limitado. O contrato termina no fim do primeiro trimestre de 2019, mas ainda estamos negociando uma prorrogação. Queremos ter um tempo maior [cerca de um ano] para fazer a migração de marca de forma mais gradual.
A marca Groupon sairá do Brasil depois disso? Como será o processo?
Eventualmente, sim. Mas antes disso vamos realizar um trabalho gradual para não perder vendas. Pegar uma lista de e-mail e jogar em outro mailing tem alto índice de rejeição. Nesse processo vamos expor mais a marca Peixe Urbano e fazer ações para que clientes do Groupon comprem mais no Peixe. Faremos com que o consumidor pense em Peixe quando quiser comprar aquilo que buscava no Groupon.
Qual foi o crescimento de 2017 e qual a perspectiva para este ano? Quais estratégias irão utilizar?
Tivemos quase 30% de alta de receita em 2017 e agora com o Groupon devemos ter uma aceleração. Esperamos 40% neste ano, na comparação com 2017. Como estratégia, o principal tema para 2018 é a integração com sistemas. Queremos que o usuário tenha uma experiência cada vez mais integrada e com menos fricção na utilização do voucher. Para isso estamos formatando alguns dispositivos.
De que dispositivo falamos?
Um deles é uma ‘maquininha de cartão’ com a marca Peixe Urbano que tem leitor de código de barras, permitindo que o restaurante dê baixa no cupom [ou cupons] e depois pague o resto da conta no mesmo dispositivo. Ele imprime uma ficha – muito demandada pelos parceiros para conciliação de caixa – com o valor original, os descontos e o valor pago no cartão. Começaremos com parceiros que têm a partir de 20% de sua receita com o Peixe. Estamos com dois restaurantes por enquanto. Vamos deixar duas semanas com esses antes de escalar para 30 máquinas em abril. O Peixe Urbano vai ser cada vez mais interligado com os sistemas das empresas de serviços.
Os dispositivos devem se tornar uma fonte de receita?
Pode vir a ser, mas é algo inicial e não orçamos no curto prazo. Começamos a colocar [as maquininhas] e agora vamos medir a adesão. Se o piloto der certo, claro que podemos escalar, mas se houver que corrigir algo, então vamos focar nisso. Se der certo podem ser pelo menos mil maquininhas em 2018.
Que outras experiências semelhantes possuem?
Desde o início de 2017 o aquário do Rio de Janeiro, o AquaRio, tem uma solução integrada com a catraca. Não tem desconto, mas a vantagem é que você não precisa ficar na fila da bilheteria. É só chegar lá e passar o cupom no leitor de código de barras.
Por que essa necessidade de reduzir os atritos?
Para alguém topar uma fricção a mais, precisa de mais desconto. Contudo, um desconto muito grande diminui o lucro. No longo prazo não é sustentável. Esse é um dos motivos para o Peixe ter crescido, mas com um número menor de parceiros e ofertas com tempo mais curto. Agora, temos menos buzz, mas muito mais oferta. Quando conseguimos melhorar a experiência de uso conseguimos atingir mais pessoas com um desconto que não precisa ser tão agressivo que permite que o parceiro ganhe.
O que isso representa para o Peixe e para seus clientes?
O Peixe Urbano mudou a proposta de valor para os parceiros. Agora, além de oferecer ofertas mais agressivas, somos um canal de vendas. Antes ajudávamos na aquisição de novos clientes e hoje conseguimos preencher a ociosidade, que todo estabelecimento acaba tendo.
Vocês pretendem ir a novos países ou cidades?
Poderíamos entrar em locais que o Groupon saiu na América latina, mas são mercados pequenos. Se a gente executar bem a estratégia no Brasil e crescer aqui vai ter um impacto muito mais forte do que puxar outro país. Ampliar desta forma não deve ser nosso foco em 2018. […] No Brasil, algumas cidades que no nosso plano de expansão são Itajaí, Balneário Camboriú, Joinville e Blumenau.
Fonte: DCI