O varejo deve mostrar em 2018 melhor resultado de abertura de lojas dos últimos cinco anos, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a entidade, o saldo entre aberturas e fechamentos neste ano será positivo em 20,7 mil estabelecimentos comerciais. Em 2013, o número ficou positivo em 36,4 mil lojas.
O alcance da marca será beneficiado por ambiente favorável ao consumo, com inflação baixa, queda na taxa de juros ao consumidor, e sinais de reativação do mercado de trabalho.”Para este ano, acreditamos que as condições de consumo estão garantidas, e as lojas estão tirando o proveito de elevação de consumo”, disse o economista.
No Brasil, a entidade estima que existam em torno de 3,9 milhões estabelecimentos comerciais varejistas, considerando lojas com ou sem vínculo empregatício. No ano passado, o saldo entre aberturas e fechamentos ficou negativo em 19,3 mil unidades, 82% menor do que o de 2016.
Bentes admite que o desempenho esperado para este ano está longe de reverter o resultado de 226,5 mil lojas fechadas no país nos anos de 2015, 2016 e 2017, devido à recessão. Entre 2014 e 2016 o volume de vendas no varejo acumulou retração de 20%, afirmou o economista.
Segundo o economista, o saldo positivo de lojas em 2018 será um sinal de que a reação na demanda começa a influenciar positivamente a economia real, com possível impacto positivo no emprego no futuro.
Segmentos
Mesmo com o setor tendo finalizado o ano passado com saldo negativo de abertura de lojas, houve diminuição, entre 2016 para 2017, nesse indicador em oito de dez grandes segmentos pesquisados. É o caso de hipermercados e supermercados, cujo saldo negativo recuou de 33,831 mil em 2016 para 5,692 mil em 2017; material de construção, de 11,112 mil para 3,714 mil; artigos de uso pessoal e doméstico, de 10,133 mil para 2,221 mil; vestuário e calçados, de 19,904 mil para 2,110 mil; móveis e eletrodomésticos, de 6,986 mil para 2,068 mil; combustíveis e lubrificantes, de 5,804 mil para 1,842 mil; veículos e peças, de 9,011 mil para 1,659 mil; e livrarias e papelarias, de 2,017 mil para 487.
Dois setores voltaram a apresentar saldo positivo na abertura de lojas no mesmo período. É o caso de informática e comunicação, que passou de saldo negativo em 2,081 mil em 2016 para positivo em 21 novas lojas em 2017; e farmácias e cosméticos, que saíram de saldo negativo de 4,321 mil para saldo positivo de 426 estabelecimentos no mesmo período.
A maior de abertura de lojas começou a ser percebida pela CNC em outubro do ano passado, mas “de forma modesta”. Isso porque, além do setor perceber começo de retomada de demanda interna, havia expectativa de que as vendas em 2018 poderiam ser melhores.
A CNC projeta aumento de 5,1% em 2018 no volume de vendas do varejo ampliado (inclui veículos e material de construção). No ano passado, as vendas do varejo subiram 4% após queda de 8,7% em 2016, pior resultado da série iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2004.
“As vendas do varejo ampliado começaram a crescer em abril do ano passado, e ganharam força ao longo do ano [de 2017]”, detalhou Bentes. Ele acrescentou que, normalmente, há um período de cerca de seis meses de defasagem entre crescimento contínuo das vendas e natural contrapartida na abertura de novos pontos de vendas do varejo nacional ? o que explica movimento mais forte de novas lojas este ano.
A perspectiva de uma retomada mais forte no mercado de trabalho, este ano, pode ajudar também a elevar poder aquisitivo do consumidor, e influenciar ainda mais positivamente as vendas do varejo, observou ele. “Há possibilidade de novos postos de trabalho este ano. E a confiança do comércio está vindo a reboque da melhora no mercado de trabalho. Creio que podemos terminar o ano com taxa de desemprego perto de 10%”, afirmou. Hoje, o IBGE anunciou taxa de desemprego de 12,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro.
Fonte: Panorama Farmacêutico