Em um projeto-piloto, a Via Varejo, holding que controla Casas Bahia e Ponto Frio, fez a reciclagem de mais de 10 mil toneladas, nos últimos dois anos. Todo esse material veio das 300 lojas dentro Estado de São Paulo que são abastecidas pelo centro de distribuição de Jundiaí. O programa, batizado de Reviva, teve início em outubro de 2015, e é realizado em parceria com a Viva Bem, cooperativa de catadores que funciona na marginal Tietê. A cooperativa, ao ser escolhida para o projeto, abriu uma filial dentro do centro de distribuição.
A Via Varejo, que tem lojas em 344 municípios em mais de 20 estados, é uma das subsidiárias do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Seus números impressionam: 966 lojas, 26 centros de distribuição, 50 milhões de clientes por ano, 50 mil funcionários e 51 mil entregas por dia. Com isso, não é surpresa que produza também uma grande quantidade de lixo: 45 mil toneladas em um ano (2015).
No Brasil, entre 2003 e 2013, o volume anual de resíduos sólidos urbanos cresceu 21%, acompanhando a variação de 20,8% do PIB. Esse mesmo período também é chamado também de a “década do varejo”, pois o PIB do setor no período cresceu 103%.
A Via Varejo havia feito tentativas de lidar com o problema. Seu programa de reciclagem anterior, que existiu entre 2008 e 2015, se chamava “Amigos do Planeta”. O impulso, dessa vez, foi a aprovação da lei que instituiu a Política Nacional de resíduos sólidos, sancionada em 2010, ficou dependente dos acordos setoriais a serem aprovados para cada segmento. Os acordos deveriam servir para criar rotinas e novas técnicas com o objetivo de reduzir ao máximo a quantidade de lixo produzido, além de estabelecer metas concretas a serem cumpridas.
No setor de embalagens, o acordo setorial foi firmado em 2015, entre o Ministério do Meio-Ambiente, o Movimento Nacional dos Catadores e 21 entidades do mundo empresarial. Estima-se que o Reviva tenha gerado uma receita de R$ 2,6 bilhões, no período até o fim de 2016, além de uma economia de 5960 toneladas de madeira e 2515 toneladas de papel e papelão.
Fonte de renda
O impacto não é só benéfico para o meio ambiente e para a empresa, mas também para as pessoas. A Viva Bem foi escolhida por que consegue negociar valores mais altos pelos materiais que recicla, o que garante uma remuneração melhor aos catadores.
Por conta do fato de que boa parte do material a ser reciclado ser madeira – cuja reciclagem não rende muito dinheiro – a cooperativa também adotou o pagamento por hora trabalhada, em vez do modelo tradicional, feito de acordo com a produtividade. Isso garante uma renda mensal média de R$ 2 mil reais aos catadores cooperados, segundo a empresa – valor acima do comum para a categoria.
O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis estima que existam cerca de 800 mil catadores em atividade no país. A Política Nacional de Resíduos Sólidos também determinou o fim dos lixões – algo que foi adiado diversas vezes. Capitais e cidades de regiões metropolitanas têm prazo até 2018 para acabar com a prática. As demais, até 2021.
Fonte: Novarejo