A rede Carrefour conseguiu reverter a razão entre lixo aterrado e lixo reciclado produzido por suas unidades em todo o país com sua política de sustentabilidade. Até pouco tempo, 40% do lixo produzido ou coletado em suas estações era reciclado. Hoje, 70% é reaproveitado e 30% destinado a aterros sanitários.
A ideia, segundo o diretor de sustentabilidade do Carrefour, Paulo Pianez, é zerar a quantidade de lixo encaminhado para aterros públicos em, no máximo, oito anos. Algumas ações organizadas pelo setor chefiado por Pianez já estão em andamento para reduzir o número de alimentos descartados. O programa Rebaixa procura entregar ao consumidor com 50% de desconto produtos em perfeitas condições de uso, mas que estão próximos à data de validade e por isso costumam ser preteridos pelo consumidor.
Além disso, o Carrefour tem um programa embrionário de incentivo ao consumo de alimentos com aparência e proporção fora daquelas que são preferidas pelo consumidor final, mas que possuem as mesmas propriedades e qualidade. São os casos de tomates e berinjelas maiores ou menores que os tamanhos médios, frutas com padrão de cor diferente dos usuais, entre outros produtos rechaçados quase que inconscientemente pelo consumidor.
Consumo sustentável e sem oscilações graves
Com tudo isso, o Carrefour pretende auxiliar na criação de uma cultura de redução do descarte não só dentro de suas lojas, mas em toda cadeia, desde a produção até o consumo em casa. Boa parte dos alimentos com qualidade que não são comprados pelo consumidor das lojas Carrefour são destinados à doação. São cerca de 2,5 mil toneladas de comida doadas pelo Carrefour todo ano.
O interesse da rede em diminuir o descarte é, também, financeiro, já que o armazenamento, o transporte e a destinação do lixo corroem parte do faturamento. Segundo Paulo Pianez, a criação de uma cultura de consumo consciente evita oscilações graves nas vendas do varejo de alimentos. “O interesse do Carrefour é manter um nível de consumo consciente e sustentável, caso contrário, a falta de renda e o endividamento do consumidor vai afastá-lo do supermercado. Queremos um consumo constante”, aponta.
Desperdício de energia e água
A rede tem feito mudanças substanciais na iluminação das lojas, focando em iluminações pontuais em alguns setores, com spots localizados ao invés de grandes fileiras de lâmpadas, empregando luzes de LED.
Em relação ao consumo de água, o auge da crise hídrica, entre 2014 e 2015, ensinou bastante. Na época, 42 lojas da rede estiveram ameaçadas de fechar por falta de água. Desde então, a troca de equipamentos de limpeza e a mudança de hábitos reduziu em 20% o uso de água. Além disso, o Carrefour abriu poços artesianos em algumas de suas unidades, o que reduz a demanda pelo serviço público de abastecimento.
Má distribuição de alimentos
A FAO – vertente da ONU voltada para segurança alimentar – aponta que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados. Segundo pesquisa de 2015, enquanto os problemas de concentração e desperdício de alimentos não são resolvidos, 795 milhões de pessoas estão em situação de fome por todo o planeta.
No Brasil, são desperdiçadas 400 mil toneladas de alimentos por dia, suficientes para alimentar todo o estado de São Paulo, o mais populoso do país, com mais de 45 milhões de pessoas.
Fonte: Novarejo