O Brasil conta hoje com 11 outlets, devendo receber outros cinco até 2020. Dois devem ser abertos este ano, dois em 2018 e um em 2019. As inaugurações previstas tendem a contribuir para um aumento de 40% no faturamento dos outlets. “Esses empreendimentos estão se consolidando no mercado brasileiro e têm como principal característica oferecer produtos com preços abaixo do mercado”, acredita Adriana Colloca, diretora de operações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Nos últimos três anos, o número de outlets passou de quatro para 11, representando 17% do segmento de shoppings especializados. Uma das explicações para este aumento é que os brasileiros estão, cada vez mais, adquirindo produtos internacionais. E os outlets tornaram-se uma alternativa para o consumo dessas marcas, especialmente em tempos de alta do dólar.
A Iguatemi Empresa de Shopping Centers é dona de 41% do I Fashion Outlet Novo Hamburgo (RS), inaugurado em 2013 e considerado o primeiro outlet premium do Sul. Até 2019, pretende abrir outros dois centros, ambos já em construção. Um deles será em Santa Catarina, entre Florianópolis e Balneário Camboriú, com previsão de abertura no segundo semestre de 2018. Outro abrirá suas portas em 2019, em Nova Lima (MG). Em ambos, a Iguatemi terá o controle com 54% do negócio.
Localizado a 40 minutos de Porto Alegre, o outlet da Iguatemi opera conta com cerca de 90 lojas, algumas com descontos de 70% do valor original. A decisão de investir nesse nicho faz sentido, segundo Cristina Betts, CFO da Iguatemi, pelo fato de o Brasil ter poucos outlets, o que se traduz em oportunidade de aprendizado. “Não é um mercado que vai ser gigante, mas será relevante. A ideia é não importar o modelo e achar que vai funcionar ipsis litteris no Brasil.”
Ela lembra que os outlets estão diretamente relacionados à classe média aspiracional em busca de preço atrativo. Dentre os visitantes, destaque para o tráfego flutuante de turistas. O I Fashion Outlet Novo Hamburgo captura hoje parte do fluxo de turistas que visitam Gramado e que seguem até o centro de compras atrás de lojas como Diesel, The North Face, Hugo Boss, Calvin Klein Jeans, Le Lis Blanc, Nike, dentre outras. “Ano a ano, registramos crescimento nas vendas que vão muito bem”, garante.
A empresa acredita que tem uma vantagem competitiva em operar outlets premium no Brasil, dado o relacionamento com as principais marcas nacionais e internacionais.
Hoje, a região Sudeste possui o maior crescimento em números absolutos de outlets quando comparada ao resto do país. Um dos que operam na região é o Catarina Fashion Outlet, aberto em outubro de 2014 em São Roque (SP), com 21 mil metros quadrados. No ano seguinte, ele passou por um processo de expansão e, hoje, tem 105 lojas com foco grande no segmento premium.
Há desde marcas internacionais como Armani, Calvin Klein, Dolce & Gabbana e Ermenegildo Zegna a brasileiras como Cris Barros, Osklen e Carmen Steffens. Os descontos vão de 30% a 70%. Por ano, 2,5 milhões de visitantes passam pelo Catarina.
“Os outlets vieram para ficar. Além da demanda dos clientes, a grande expansão das redes varejistas e o desembarque no Brasil de várias marcas internacionais trouxe também a necessidade dessas lojas de escoar a produção após um determinado período. E o outlet é um caminho barato para escoar”, observa Robert Bruce Harley, diretor-executivo da área de renda recorrente da JHSF (detentora do Catarina).
Para o próximo ano, o Catarina deve passar por uma nova fase de expansão de, no mínimo, quatro mil metros quadrados. “Desde que abriu, antes da crise, o Catarina vem crescendo. Após registrar vendas brutas 35% superiores em 2016 em relação ao ano anterior, o Catarina cresceu 10% no primeiro semestre de 2017. O segundo semestre, lembra Bruce Harley, é o mais forte por conta de Black Friday e Natal.
Hoje, ele garante que o nível de inadimplência do outlet é próximo de zero. Quanto ao fechamento de lojas, o turnover (saída de lojas) é inferior a 3%, bem abaixo da média dos shoppings do país.
As vendas vão bem, conforme ele garante e como mostra pesquisa conduzida pelo Ibope Inteligência. Ela mostra que os consumidores do Catarina Fashion Outlet gastam mais que os dos shoppings centers tradicionais. O tíquete médio ali é de R$ 522 contra a média de R$ 379 dos frequentadores de shoppings da região Sudeste. Em feriados prolongados e promoções especiais, o tíquete médio chega a R$ 1.200.
O perfil do cliente do Catarina é composto, principalmente, pelas classes A e B, com 60% com mais de 35 anos. Cerca de 50% a 60% deles são oriundos da capital paulista, que fica a cerca de 40 minutos de carro do outlet.
Fonte: Valor Econômico