A maior fatia de clientes e com o maior gasto nos supermercados está concentrada na população de até 49 anos, atualmente. Segundo pesquisa inédita do setor, realizada em parceria com a Nielsen, Kantar Worldpanel, GfK e IBOPE, essa população representa 58% dos consumidores nos supermercados e são responsáveis por 67% das vendas. “Considerando que essas pessoas envelhecerão, até 2040, homens e mulheres com mais de 50 anos terão o maior poder de compra”, ressaltou o economista Rodrigo Mariano, durante apresentação do estudo na Apas Show 2017, uma das maiores feiras supermercadistas do mundo.
Realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), a 33.ª edição do evento, que ocorreu entre 2 e 5 de maio, na Capital, apontou as tendências do mercado no varejo e o perfil do atual consumidor brasileiro, considerando dados coletados no ano passado.
A Pesquisa, que serve como um balizador das ações e estratégias de vendas que serão adotadas daqui para frente no setor, foi divulgada em conjunto com o presidente da Apas Pedro Celso Gonçalves.
Em entrevista ao JC, Pedro projetou ainda que os supermercados, mesmo em meio à instabilidade econômica, projetam crescimento gradual nas vendas e índice positivo neste ano (leia mais abaixo).
Com foco no público acima dos 50, que será a bola da vez nos supermercados daqui a alguns anos, a pesquisa indica a necessidade de investimento, tanto por parte dos supermercados quanto das indústrias, em adequação de produtos, acessibilidade, praticidade e investimento em alimentos mais saudáveis.
Na hora da compra, essa população opta rótulos fáceis de ler (50%), alimentos para dietas com necessidades nutricionais especiais (45%), embalagens de alimentos com porções menores (44%), embalagens de produtos fáceis de abrir (43%) e rótulos com informações nutricionais claras (43%).
Ainda dentro das lojas, descobriu-se que os consumidores, considerados mais sêniores, buscam por praticidades na hora da compra, como carrinhos elétricos (41%) e seções exclusivas de produtos voltados às suas necessidades (34%).
Eles também se preocupam mais com a saúde. Produtos como pão light ou integral, biscoito integral, requeijão light e alimentos frescos são mais consumidos por esta geração.
TECNOLOGIA
O presidente da Apas cita que é preciso ainda pensar à frente e se adaptar ao empoderamento causado pela tecnologia nas gerações que irão envelhecer.
“Com um smartphone, hoje, a pessoa procura informações sobre o produto na loja ao invés de acionar o atendente”, pontua. “Como exemplo de praticidade, temos o autoatendimento, que tem crescido cada dia. Para você ter ideia, tivemos aqui na feira o lançamento de um software que permite a separação dos produtos dentro de um centro de distribuição no supermercado por meio de comandos de voz”, comenta Pedro.
“Há uma mudança de comportamento em fluxo. Como comerciantes, gestores e pessoas temos que pensar nisso. É uma mudança de fase e precisamos buscar cada vez mais conhecimento”, finaliza Airton Burgos, diretor da Apas regional Bauru e que também marcou presença no evento.
‘A tendência é de crescimento e os empresários estão otimistas’
Mesmo em um ano de instabilidade econômica, o setor supermercadista no Estado de São Paulo registrou um crescimento nominal em relação ao ano passado de, aproximadamente, 10%, com faturamento de R$ 102 bilhões.
Para este ano, a perspectiva é de um crescimento lento e gradual, que deve se refletir, principalmente, “ao longo do último trimestre de 2017 em geração de emprego e renda e, consequentemente, trará impacto positivo nas vendas, que devem crescer de 1,5% a 2,5% neste ano”, cita Pedro Celso, presidente da Apas.
“O empresário está otimista, a tendência é de crescimento. A terceirização e as reformas Trabalhista e da Previdência, apesar de não serem tão profundas, trouxeram novos ares. É só ver a feira: crescemos 5% em tamanho, de 586 para 718 expositores. Destes, 239 são internacionais e de 26 países diferentes.
No ano passado, eles eram 169 e vindos de 17 países”, compara Pedro. Neste ano, duas empresas de Bauru se lançaram na Apas: a Conceito Comunicação Visual e a Cléo Malharias. Além delas, participaram a Mezzani, a Gera Arte, a Ecoart e a Pró-Market, que já são “da casa”.
INOVAÇÃO
Em sua décima participação na Apas Show, a Pró-Market, empresa bauruense que confecciona móveis expositores para supermercados, foi mais uma vez destaque na feira. Os irmãos Caio e José Mário Benjamin foram premiados com o troféu na categoria inovação em equipamentos. O prêmio foi para uma mesa quente.
“É mais um dos nossos lançamentos na linha de autosserviço, cada vez mais requisitada pelo mercado”, detalha José Benjamin. Também participante da Apas Show, a Ecoart, empresa bauruense especializada na fabricação de mobiliário comercial, também foi premiada. como melhor stand porte pequeno e melhor exposição de produto na categoria sustentabilidade.
Novas gerações estão menos pacientes
Apesar de estar de olho na geração dos adultos que irão envelhecer em breve, a Apas sabe também que é mais do que necessário conquistar cada vez mais as chamadas gerações Y e Z, nascidos a partir do final da década de 80.
Por isso, a Associação convidou Hugo Rodrigues, um dos publicitários mais influentes do País atualmente, para a Apas Show.
Em entrevista à reportagem do Jornal da Cidade, o especialista fala que as novas gerações estão cada vez menos pacientes.
Segundo ele, pesquisas apontam que muitos jovens não ficam, por mais de três segundos, em sites, mesmo que sejam do seu interesse, se não houver alguma atratividade a mais. “Isso é algo que deve ser pensado e levado em conta pelo varejo”.
Ainda de acordo com Hugo, as novas gerações são multifacetadas, assim como os relacionamentos estão mais distraídos e descartáveis. “Diversas empresas fracassaram nesses últimos tempos; várias perderam valor de marca”, alerta Hugo Rodrigues. “É preciso continuar tentando compreender o consumidor, investir sem medo”.
‘IMPORTANTE É FAZER’
O profissional aconselha que o importante é fazer, mesmo se a ideia não for perfeita naquele momento. “Erre rápido, aprenda rápido e conserte rápido”, diz.
Segundo ele, os consumidores querem experiências novas. “Uma marca que ofereça lazer gratuito passa na frente”, pontua o palestrante, ressaltando que não se trata de oferecer ofertas, mas sim de soluções a seres humanos.
Fonte: JCNet