As vendas do Dia das Mães cresceram este ano, revertendo desempenho negativo de anos anteriores e com o comércio eletrônico mostrando evolução acima da média, de acordo com levantamentos de empresas e organismos que acompanham o varejo nacional.

A empresa de informações sobre o varejo eletrônico no país Ebit apurou um crescimento de 19% no faturamento para a data, e avalia que tal resultado, que superou sua expectativa, mostra que o consumidor está confiante de que o pior da crise econômica já passou.
“Esta data é um importante termômetro para as vendas do comércio eletrônico no resto do ano”, citou a Ebit em nota, avaliando que as vendas no segundo semestre devem ser ainda mais aquecidas.
O indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio para o Dia das Mães 2017 também apurou aumento, de 2 por cento nas vendas para a data em relação ao ano passado. O resultado foi o primeiro positivo desde 2014 e reverteu parte da queda de 8,4 por cento registrada em 2016, que foi a maior desde o início da série histórica, em 2003.
Na mesma linha, e também após dois anos de queda, a Boa Vista SCPC – Serviço Central de Proteção ao Crédito – registrou alta de 1,6 por cento nas vendas do comércio no Dia das Mães, e Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) estimou em 5 por cento o acréscimo das vendas para o período.
Apenas na cidade de São Paulo, sondagem da FecomercioSP com lojistas apurou expansão de 1 por cento nas vendas, após queda de 7 por cento no ano passado, enquanto o indicador da Serasa Experian apontou alta de 3,3 por cento.
“A melhora é decorrente, principalmente, de um recuo na inflação e de uma tendência gradativa de queda nos juros”, afirmou a Boa Vista em nota.
Além das quedas da inflação e dos juros, economistas da Serasa Experian também citaram o ingresso dos recursos do FGTS entre os principais fatores que conseguiram gerar um resultado positivo, enquanto o presidente da SBVC, Eduardo Terra, destacou aumento da confiança dos consumidores.
Embora tenha atingido em maio nível mais baixo desde setembro, a confiança do consumidor brasileiro neste mês ficou acima do nível verificado no mesmo período do ano passado. Segundo o Índice Primário de Sentimento do Consumidor da Thomson Reuters/Ipsos o indicador foi de 37,1 pontos ante 35,4 de maio do ano passado, mês que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada pelo Congresso.
No caso do FGTS, os analistas da corretora Brasil Plural Guilherme Assis e Felipe Cassimiro afirmaram em recente nota a clientes que os recursos devem seguir trazendo alívio ao varejo no curto prazo.
“Os consumidores irão priorizar o pagamento de dívidas com os recursos extras (do FGTS), mas isso pode ajudar a reforçar o sentimento do consumidor e traduzir em gastos mais elevados para satisfazer a demanda reprimida”, afirmaram.
Os analistas ainda destacaram que o cronograma para a liberação das contas inativas do FGTS continuará, com o impacto total sendo sentido neste segundo trimestre, uma vez que apenas os contribuintes nascidos em dezembro receberão seus recursos em julho. “Portanto, esperamos que as vendas permaneçam dinâmicas até o segundo trimestre, melhorando o desempenho de todos os varejistas.”
Terra, da SBVC, destacou, contudo, que o desemprego ainda elevado permanece como um fator limitador para um impulso mais firme do varejo. “E a recuperação do emprego é um processo que só deve começar no último trimestre, quando entra o ciclo de contratações que deve gerar tração para derrubar a taxa de desemprego”, disse.
Os dados mais recentes do IBGE mostram que a taxa de desemprego brasileira fechou o primeiro trimestre em 13,7 por cento, novo recorde histórico e com contingente de mais de 14 milhões de pessoas sem emprego. Em abril, porém, o país abriu quase 60 mil postos de trabalho formal, melhor resultado para o mês desde 2014, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira.
Fonte: Época Negócios