Hoje o fundador e presidente da Netshoes, Marcio Kumruian, vai tocar a sirene de abertura do pregão da bolsa de Nova York, dando início à negociação dos papéis da companhia nos Estados Unidos. O grupo Netshoes faz sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações na Bolsa de Nova York (Nyse). Serão colocados para negociação 8,25 milhões de papéis.
O preço estimado pela Netshoes para os papéis é algo entre US$ 18 e US$ 20 por ação, o que resultaria em uma captação entre US$ 148,5 milhões e US$ 165 milhões. Ao preço médio de US$ 19 por ação, o valor de mercado da companhia é de US$ 590 milhões. No pedido de listagem, a Netshoes informou que o valor justo da companhia seria de US$ 867,2 milhões.
Com a oferta primária de ações, a Netshoes espera captar recursos para fazer a expansão internacional e diversificar seus negócios. A companhia possui operações no Brasil, Argentina e México, sendo que, atualmente, 89,4% da receita é obtida com vendas no Brasil. Em 2015, a companhia fechou o ano com crescimento de 15,2% de receita líquida, para R$ 1,74 bilhão. O prejuízo líquido foi de R$ 151,9 milhões, ante R$ 99,5 milhões em 2015. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou negativo em R$ 43,9 milhões, ante R$ 46,5 milhões em 2015.
Uma das metas da companhia é ampliar a participação das vendas realizadas fora do Brasil, seja no México e na Argentina – onde já atua desde 2011 -, e em outros países onde venha a atuar.
De acordo com a consultoria eMarketer, o mercado latino-americano de comércio eletrônico, que movimentou US$ 30 bilhões em 2015, vai crescer, em média, 21,2% ao ano até 2019, chegando a US$ 64,4 bilhões, uma expansão que a Netshoes pretende aproveitar.
Hoje, a Netshoes possui 5,6 milhões de usuários ativos, 18,9% mais do que o total registrado em 2015. Em 2016, registrou 10,3 milhões de compras, com aumento de 20,8% sobre o ano anterior.
A companhia também planeja diversificar a sua atuação, com negócios complementares ao comércio de artigos esportivos. Em dezembro de 2014, o grupo Netshoes lançou a Zattini, loja virtual de produtos de moda. A companhia incluiu novas categorias de produtos no site ao longo dos anos, incluindo cosméticos em 2016.
As vendas da Zattini responderam em 2016 por 11,5% da receita do grupo Netshoes no Brasil e por 10,2% da receita total consolidada. De acordo com a Netshoes, 55,6% dos clientes da Zattini já eram clientes da Netshoes e 44,4% são consumidores novos atraídos pela proposta de moda.
A companhia também desenvolve, desde 2014, uma linha de marcas próprias, que hoje representa 6,4% das vendas no Brasil e 5,4% da receita total da Nesthoes. O grupo de marcas inclui a Gonew, Mood, Burn, Treebo e Zeep.
Na área de negócios com outras empresas, a companhia também tem investido na formação de um shopping virtual (marketplace), tendo já atraído, desde fevereiro do ano passado, 283 marcas de moda. A expansão do marketplace e da oferta de marcas próprias também estão nos planos da companhia de consolidação de crescimento no longo prazo.
A Netshoes considera que, pelo fato de os Estados Unidos ter um comércio eletrônico mais disseminado do que no Brasil, ela terá mais companhias comparáveis a ela, facilitando a definição do seu valor na bolsa.
Na BM&FBovespa, a lista de empresas de comércio eletrônico é pequena e não inclui companhias com o mesmo foco. As mais relevantes na bolsa são B2W, Via Varejo (que engloba a CNova) e Magazine Luiza (que contempla as operações de lojas físicas e internet).
O pedido de abertura de capital da Netshoes foi feito ao órgão regulador do mercado de capitais americano (SEC), em 16 de março. A companhia é assessorada por Goldman Sachs, J.P. Morgan, Bradesco BBI, Allen & Company e Jefferies.
Fonte: Valor Econômico