O empresário Jaimes Almeida Junior anuncia, em entrevista exclusiva, que em no máximo três meses vai entregar projeto de ampliação do Garten Shopping. O empreendimento terá mais 70 mil m², em um investimento de R$ 70 milhões. Hotel e centro empresarial estão contemplados.
– Em 2017, o foco é Joinville – afirma o empresário.
O Grupo Almeida Junior desistiu de vender fatia minoritária dos seus seis negócios de shoppings em Santa Catarina, via consultoria Rotschild. No futuro, considera a possibilidade de abrir capital, fazer uma IPO (oferta pública inicial de ações).
Em abril, o Garten Shopping completa sete anos de funcionamento. Como avalia este período?
Jaimes Almeida Junior – Nossos shoppings têm a proposta de serem desenvolvidos para as regiões onde as cidades crescem. Há mais de sete anos identificamos que Joinville se expande para o Norte. Nosso público é A/B+. Os shoppings são empreendimentos de investimento muito alto no curto prazo, com retorno a longo prazo. Ao longo desses seis a sete anos, formamos um endereço em Joinville. O Garten já fez o processo de se consolidar no mindset da cidade. É referência em novidades, em lojas exclusivas na cidade.
Há um plano de expansão já desenhado. Como está isso?
Jaimes – O Garten é o nosso foco para 2017. Durante dez anos, nunca paramos de abrir shoppings. Agora, vamos respirar. É hora de olharmos para dentro, de olharmos para o umbigo. Para nós, faz sentido colocar toda a nossa energia em Joinville. Os demais empreendimentos já receberam atenção nos últimos anos. 2017 é o ano do Garten. 2016 foi o ano do Nações Shopping, em Criciúma; antes foi o de Balneário.
Qual é o projeto de expansão do Garten Shopping? Que tamanho e características terá?
Jaimes – O projeto será apresentado ao prefeito no prazo de de 60 a 90 dias. Vamos aumentar e melhorar o mix. Vai ficar do mesmo tamanho do shopping de Balneário Camboriú. O Garten tem 35 mil m² de área bruta locável (ABL) para lojas. Vai aumentar em 10 mil m² de ABL. Hoje, temos 190 lojas. Passaremos a ter 250. O investimento previsto soma R$ 70 milhões. O nosso horizonte é ter o projeto aprovado no segundo semestre de 2018.
Haverá equipamentos novos? Quais?
Jaimes – Tão logo se consigam as licenças e os alvarás, vamos construir. Sim, a ampliação vai contemplar um centro empresarial e um hotel de 140 apartamentos. Ainda terá espaço para mais estacionamento de carros. Também mais duas âncoras, 48 lojas-satélite, seis restaurantes. A área a ser construída será de 70 mil m².
A gestão passou a ser absolutamente local.
Jaimes – A gestão no Garten é toda de profissionais de Joinville, que conhecem muito bem a cidade. Temos quatro gestores de Joinville, sob o comando do superintendente Giovani Voltolini. Eles estavam espalhados pelas unidades do Grupo Almeida Junior e os trouxemos, todos, para essa operação. Temos o DNA local. O nosso pessoal conhece os hábitos dos consumidores. Isso auxilia muito.
Como é o consumidor joinvilense?
Jaimes – Mudou bastante de 2010 para cá. Hoje, tem mais conhecimento de oportunidades de compras. A cidade se transformou. Num certo sentido, tornou-se cosmopolita. Valoriza boas marcas. As pessoas gostam de frequentar bons cafés, lojas sofisticadas. Os clientes são fiéis. Mais do que em outras praças. O tíquete médio no Garten Shopping é de R$ 520.
Um dos problemas óbvios para o conjunto do comércio é o fato de que muitas pessoas apenas passeiam, mas não compram. Efeito da crise, do desemprego.
Jaimes – Esse fato é notório. É a família “miranda”, no jargão do varejo. Mira e anda.
O Grupo Almeida Junior mudou sua sede de São Paulo para Santa Catarina. Por quê?
Jaimes – Mudamos para ficarmos próximos ao nosso mercado. Operamos seis shoppings em Santa Catarina. E já ultrapassamos o período de termos de fazer nosso relacionamento com os agentes financeiros e do setor lojista nacional. Estamos consolidados. Ocupamos um andar dentro do próprio Continente Shopping, em São José.
Qual é o tamanho do Grupo Almeida Junior?
Jaimes – Temos seis shopping centers no Estado. Em Joinville, Balneário Camboriú, Blumenau, São José e em Criciúma. Detemos 68% do share (participação de mercado) do total dos negócios em shoppings no Estado. Nossos empreendimentos têm 224 mil m² de ABL, com 1.800 lojas. O faturamento, em 2016, somou R$ 2,75 bilhões. Projetamos crescimento, de modo a alcançar R$ 3 bilhões em vendas em 2017.
No ano passado, o senhor contratou a Rotschild para encontrar comprador para 20% dos seus negócios. Como está evoluindo essa busca?
Jaimes – Nós não fomos à Bolsa. Não temos sócio financeiro. A empresa é de capital privado fechado. Contratamos a Rotschild, da Inglaterra, no último trimestre de 2016, mas possivelmente não vou avançar nessa negociação. Não vou. Depois, uma possibilidade é fazer uma IPO, abrindo o capital na Bolsa.
Secaram as fontes de financiamento.
Jaimes – Não existe mais financiamento para shoppings no Brasil. Havia até dezembro de 2014. A expansão em Joinville será com recursos próprios. Viabilizamos nossos negócios todos com 60% de dinheiro próprio e 40% restantes vindos de instituições financeiras parceiras, como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Como é a sensação de fazer investimentos grandes e sucessivos, ano a ano, em meio a crise econômica tão intensa?
Jaimes – Viemos de um ano, o de 2015, que parecia estarmos no Afeganistão. De tão ruim que estava tudo. Há um ano, investimos R$ 250 milhões no Nações. Vivo a solidão do empreendedor ao fazer investimentos tão altos neste momento no Brasil.
O senhor é um otimista.
Jaimes – Conheço o ramo de shopping há 37 anos, completados em 10 de janeiro deste ano. E na indústria de shopping center atuo há 27 anos. Sou otimista com o que o presidente Temer está implantando. Passamos por uma guerra civil. Uma guerra moral e de natureza política. Agora, vamos para um ambiente econômico propositivo. É o que esperamos.
Fonte: Diário Catarinense