Nos anos 1990, antes ou depois da sessão de cinema, famintos paulistanos se reuniam nas mesas daquele restaurante no Conjunto Nacional da avenida Paulista. Para um chope, alguns salgadinhos crocantes e cremosos por dentro, um prato de estrogonofe ou só um café com cheesecake.
Um jeito rápido e certeiro de comer, naquele lugar com algo de fast-food brasileiro e receitas que haviam ganhado até valor afetivo. O Viena aparecia também nos quiosques de shopping. E em salões com um “inovador” rodízio de pizza -tinha até espera para sentar.
Aí chegaram os chefs com técnicas europeias e ingredientes brasileiros, e umas tantas outras coisas, e ele envelheceu.
A marca, criada em 1975 por Roberto Bielawski (hoje à frente do grupo Ráscal), é administrada desde 2007 pela Internacional Meal Company (IMC), à frente também de Frango Assado, Brunella e Olive Garden no Brasil.
Agora, a companhia decidiu revitalizar a marca, baseada em uma série extensa de pesquisas de mercado. “Vimos que a marca tinha vínculo com a cidade, era querida. A comodidade e a segurança ainda atraíam clientes. Mas os novos conceitos ao redor das lojas faziam muitas vezes com que deixassem de vir”, diz Jaime Szulc, CEO do IMC.
Decidiram, então, criar uma novidade, o Viena Delish. A ideia será apresentada primeiro na loja do shopping Iguatemi, que não vinha bem -é um duro território, afinal, com opções como Manioca, Le Jazz, Junji, Ritz
O local, que reabre as portas na quinta-feira (8), concentra as referências pesquisadas: espaço amplo (com pé-direito alto), mesas coletivas, cozinha com preparos à vista do cliente, ingredientes de pequenos produtores, balcão de coquetelaria.
O salão tem “estações”: a cozinha, o bar, o balcão de sanduíches, a hamburgueria -comandada pela Bullguer, que leva sua receitas pelos mesmos (amigáveis) preços: até R$ 20 o sanduíche.
O chef Du Cabral (ex-Eataly) foi o responsável por rever o cardápio. Reduziu os 35 sabores de pizza a cinco, em discos individuais e com massa de longa fermentação. A de coração e fundo de alcachofra, por exemplo, tem mozarela de búfala e raspas de limão-siciliano (R$ 38).
Alguns velhos conhecidos da casa continuam lá, como o estrogonofe, que ganhou arroz jasmim e batata-roxa e mandioquinha palha (R$ 54). “A novidade é muito mais do produto do que o que se faz com ele”, afirma Cabral.
Mas a essa receita se unem, por exemplo, filé Wellington (R$ 65), envolto em cogumelos e massa folhada, e gnudi de ricota com espinafre (R$ 46).
Segundo o chef, a cozinha central da rede deixará de abastecer o restaurante, que se encarregará dos preparos.
A companhia aposta nos diferentes ambientes dentro da loja e nos menus pensados para várias ocasiões. Para o happy hour, por exemplo, há bagel com salmão defumado na casa (R$ 38) e drinques como a versão de negroni com café extraído a frio (R$ 30).
Agora, há mais sete unidades do Viena Deli em São Paulo, daquelas que funcionam com salão e bufê. Nem todas devem se tornar Delish. O IMC ainda avalia quais devem receber o novo conceito e quais serão lojas das outras marcas que administra.