A Lojas Renner fechou o terceiro trimestre com queda de 3,9 por cento nas vendas no conceito mesmas lojas em relação ao mesmo período de 2015, primeiro recuo anual desde 2009, afetada pelo ambiente econômico ainda desafiador no país, mas também baixas temperaturas e atualização de sistema.
O lucro líquido caiu 11,5 por cento na base anual, para 84,9 milhões de reais, afetado pela baixa contábil de ativos por atualização de sistemas de tecnologia e equipamentos do antigo centro de distribuição de Santa Catarina. Excluído esse impacto, o lucro teria atingido 92,3 milhões de reais.
“Foi um trimestre atípico”, disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Laurence Gomes, afirmando que uma combinação de fatores externos à companhia com questões internas afetaram as vendas.
O desempenho das vendas no conceito mesmas lojas foi pior do que estimativas de seis analistas de corretoras e bancos compiladas pela Reuters, que variavam de acréscimo de 0,9 por cento a queda de 2 por cento. A última vez que a Lojas Renner apurou queda nesse indicador foi no primeiro trimestre de 2009. No terceiro trimestre de 2015, houve alta de 12,6 por cento.
O lucro também ficou aquém das expectativas compiladas pela Thomson Reuters, de 105,9 milhões de reais.
A receita líquida das vendas com mercadorias da varejista de vestuário subiu 1 por cento ano a ano, a 1,26 bilhão de reais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 229 milhões de reais, quase estável ante o resultado de 2015, de 230,5 milhões de reais, pressionado pela operação de varejo, que recuou 10,1 por cento, enquanto o Ebitda ajustado dos produtos financeiros subiu 36,5 por cento.
As projeções da Thomson Reuters apontavam Ebitda de 250,6 milhões de reais.
Segundo o executivo, as vendas foram prejudicadas pelo ambiente econômico, com menor fluxo de pessoas em shopping centers, onde estão a grande maioria das lojas da rede, com agosto, pior mês do trimestre, afetado pelas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Ele também citou o efeito de temperaturas mais baixas nas regiões Sul e Sudeste do país, no momento em que a companhiacolocava nas lojas a nova coleção primavera verão.
Gomes citou a atualização da plataforma tecnológica da companhia, que também afetou o desempenho, pois os centros de distribuição ficaram duas semanas sem receber produtos e enviá-los para as lojas.
Segundo ele, no médio prazo essa nova plataforma vai suportar o crescimento do grupo, pois adicionar funcionalidades que se reverterão em maior eficiência operacional no varejo.
O executivo avalia que o quarto trimestre pode ser melhor que o terceiro e muito parecido com o último trimestre de 2015, com as questões internas melhorando, bem como a colocação da coleção e normalização da temperatura, mas destaca que o quadro econômico ainda não convida otimismo.
“Há sinais (de melhora), mas falta visibilidade”, afirmou.
Margens
Apesar da queda nas vendas, a margem bruta encerrou o trimestre em 53,7 por cento, acima dos 53,1 por cento de um ano antes, favorecida justamente pelo estoque mais ajustado.
A margem Ebitda ajustada total passou de 18,5 para 18,2 por cento, com a companhia adequando despesas operacionais ao menor ritmo de vendas, mas poderia ter sido de 19,4 por cento não fosse a reoneração da folha de pagamento.
Na visão de Gomes, as margens teriam sido melhores não fosse o ambiente promocional e a previsão é de que elas sigam quase estáveis no próximo trimesre e em 2017, com o consumidor ainda sensível a preço e chance de continuidade do cenário mais agressivo de preços.
No terceiro trimestre, a empresa seguiu executando seu plano de expansão, com inauguração de 10 lojas, 6 da Renner e 4 da Camicado. Os investimentos totalizaram 106,8 milhões de reais, ante 166,8 milhões de reais um ano antes.