Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp, afirma que as fortes retrações das vendas do varejo brasileiro nos primeiros seis meses de 2016 eram esperadas. “A recessão se aprofundou no semestre e a recuperação vai ser lenta. Ela virá – mas não agora – e dependerá da queda dos juros. É a esperança”, frisa Burti.
Ele completa que a redução dos juros é muito aguardada pelo comércio e vai, juntamente com a retomada do emprego, melhorar o desempenho de setores mais dependentes de crédito – são os que mais sofrem no momento e que mais pesam na atividade econômica e no emprego. “As retrações são ainda maiores quando olhamos os itens que dependem da confiança e do crédito. A confiança, embora tenha mostrado ligeira melhora, não mudou significativamente e continua nos menores patamares históricos, conforme tem apontado o nosso Índice Nacional de Confiança, o INC”, ressalta Burti.
Para o presidente da ACSP, enquanto a confiança e a economia não se recuperam, o governo precisa controlar os gastos para evitar que o déficit público continue pressionando a inflação e impedindo a redução dos juros.
“Enquanto não faz as reformas, o governo precisa administrar o caixa. Cabem, no mínimo, um controle de gastos, uma análise mais acurada das prioridades, para controlar o déficit público”. Isso, segundo ele, vai gerar expectativas favoráveis quanto à inflação.
Junho
Alencar Burti esclarece que as vendas caíram menos em junho/2016 (sobre junho/2015) do que em maio/2016 (sobre maio/2015), por conta do efeito-calendário: junho contou com um dia útil a mais, beneficiando o comércio. “É só um efeito estatístico”, diz. Mesmo assim, ele reforça que todos os setores ficaram no vermelho, inclusive farmácias e supermercados.
Por fim, o presidente lembra que julho fechará com um dia útil a menos, o que deve culminar em novo aprofundamento da queda, sobre o mesmo período de 2015.