Conveniências como compras on-line não cabem para quem quer ‘invisibilidade’ na rede. Escapar do radar do big data é possível, mas é uma tarefa para lá de trabalhosa. Redes sociais? Nem pensar. A primeira regra é não ter um perfil ou apagar o que foi criado. O mesmo vale para os programas de fidelidade. Outras conveniências fora do alcance de quem quer passar incólume nas redes são as compras on-line e as contas de e-mail gratuitos, que rastreiam os assuntos das mensagens trocadas e os compartilham com empresas.
E até mesmo seu navegador favorito tem de ficar para trás. Nada de Google Chrome, Mozilla Firefox ou o clássico Internet Explorer, da Microsoft. A opção? O browser Thor, conhecido dos hackers, e a navegação nas chamadas abas anônimas, nas quais as atividades não ficam armazenadas no histórico.
— Para quem entrar nessa preocupação de estar sendo vigiado, o jeito é ficar anônimo — diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.
É justamente por temer ter dados analisados e compartilhados a todo tempo que o russo Eugene Chereshnev, executivo da empresa de cibersegurança Kaspersky, implantou um chip sob a pele da mão. O objetivo é manter todos os dados no dispositivo, de 2 milímetros por 12 milímetros, que tem uma criptografia única.
Em conversa recente com O GLOBO, Che, como gosta de ser chamado, disse que, na atual era digital, a identidade das pessoas é definida pelo conteúdo publicado por elas.
— Esses dados pertencem a todo mundo menos a você. As empresas usam nossos dados para nos vender seus produtos da melhor forma para elas. Somos escravos digitais — afirma, explicando que usa um biochip igual ao implantado em aves monitoradas.
Por causa da criptografia usada, ele diz que, mesmo se roubarem o chip, não é possível ler o que está lá. Contrário ao uso indiscriminado de dados, Che diz ter sido banido do Facebook:
— No ano passado, fui banido do Facebook porque não coloquei meu nome real e, depois, não dei o número do meu passaporte, como solicitado por eles. Isso porque o negócio deles é ter dados. Eu quero mudar isso. Quero que esse chip seja propriedade das pessoas. Que seus dados sejam sua propriedade e não das empresas.