O seu smartphone já faz quase tudo hoje em dia, mas a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) ainda acredita que ele poderá se tornar a sua carteira digital em breve.
De acordo com Gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban, os aparelhos poderão ser usados para pagamentos em lojas físicas, tomando o lugar do cartão de crédito de plástico, e até mesmo para debitar crédito em catracas de transporte público (ônibus, metrô ou trem).
O primeiro cenário já está próximo, com o lançamento anunciado do SamsungPay, a carteira virtual da Samsung, que deve acontecer nos próximos meses. A Apple também tem um serviço similar, mas que ainda está em fase de negociação no Brasil e não há previsão oficial de estreia.
Fosse, entretanto, lembra que nada impede que os próprios bancos lancem suas próprias carteiras digitais no futuro. O pagamento poderia ser realizado por uma tecnologia chamada NFC, presente em smartphones topo de linha e em alguns intermediários avançados. Ela promove uma comunicação segura com o terminal de pagamentos da loja física, dispensando o uso do cartão de plástico.
O uso do smartphone para realizar pagamentos em transporte público ainda não tem previsão de acontecer, pois é algo que depende de parcerias com prefeituras. Em São Paulo, a inovação mais recente neste campo é a possibilidade de recarregar o Bilhete Único dentro do ônibus (334 veículos permitem a ação, mas ainda estão em fase de testes).
A visão da Febraban sobre o futuro do uso dos smartphones tem base em dados de uso, coletados pela Deloitte para o relatório chamado Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2015.
No ano passado, o crescimento de uso de mobile banking foi de 138% em relação ao ano de 2014. Ou seja, os brasileiros fizeram 11,2 bilhões de transações bancárias pelo celular, enquanto, no passado, eram 4,7 bilhões.
Paschoal Baptista, sócio da Deloitte e especialista na indústria de serviços financeiros, vê o crescimento relacionado com o aumento de smartphones. “É algo natural e o brasileiro está menos receoso de realizar operações pelo celular”, afirmou Baptista.
Para garantir a segurança e a oferta de um bom serviço mobile, os bancos gastam muito com tecnologia. No ano passado, os investimentos e as despesas nesse setor somaram 19,2 bilhões de reais, sendo que 44% em software, 35% em hardware, e 20% em telecomunicações.
Os principais bancos do país contam com aplicativos que já são diferentes das versões para navegadores, indica Baptista. Isso estimula o uso pelo celular.
Na visão dos porta-vozes, alguns dos recursos mais atraentes são a possibilidade de pagar contas usando a câmera para a leitura de códigos de barras e de gerenciar as finanças a qualquer momento do dia.
Com essa cultura disseminada, a adoção do smartphone como carteira digital deve ser algo que acontecerá em breve.