A JHSF Participações, empresa controlada pela família Auriemo, está estudando a criação de uma holding que vai reunir a operação de shopping centers e outlet do grupo, formado por cinco empreendimentos no total, apurou o Valor. O plano envolve a venda de uma participação dessa holding para investidores, com a JHSF mantendo controle sobre o negócio.
O Bradesco BBI assessora a empresa e já teria sondado potenciais sócios, entre fundos de pensão e investidores estrangeiros, segundo fontes.
O projeto está em fase inicial de análise, mas os primeiros contatos com investidores ainda não teriam gerado grande interesse, segundo uma fonte próxima à transação. Foi algo interpretado como reflexo de um momento econômico mais adverso, com investidores ainda cautelosos em relação ao país. Procurados, JHSF e Bradesco não comentaram o assunto. A família Auriemo tem 72,3% da JHSF Participações.
Fazem parte da operação os shoppings Cidade Jardim, Tucuruvi e Catarina Outlet Fashion, todos em São Paulo, o Bela Vista, em Salvador, e o Ponta Negra, em Manaus. Somados, os empreendimentos registraram vendas brutas de R$ 2,2 bilhões em 2015, alta de 25%. A receita líquida da JHSF com essa divisão foi de R$ 256,7 milhões – avanço de 15,7%.
Ao fim de 2015, shoppings e outlet representavam 40,7% da receita líquida da JHSF. Incorporação respondia por uma fatia de 30% e hotéis e restaurantes (incluindo a rede Fasano) equivaliam a cerca de 29,1%.
Caso o plano avance, a entrada de recursos pode reduzir o nível de alavancagem e ajudar a recompor algum caixa da empresa, atualmente abaixo de R$ 200 milhões, segundo dados de dezembro. Ao fim de 2014, eram quase R$ 370 milhões em caixa e, em dezembro de 2013, cerca de R$ 600 milhões.
Na avaliação de analistas uma difícil transição do modelo de incorporação para o de renda imobiliária, por meio do negócio de shoppings, levanta uma necessidade inicial de maior fôlego financeiro por parte da empresa.
Nos últimos meses, a JHSF vem tomando medidas, envolvendo desembolso de recursos por parte dos próprios controladores, que tem se refletido numa melhoria do patamar do endividamento.
Desde meados de 2015, foram feitos anúncios para compra de imóveis pela família, subscrição da maioria das ações de um aumento de capital pelos controladores e compra de Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs) vendidas aos Auriemo.
Em outubro de 2015, a companhia recebeu de seu acionista controlador proposta de venda de dois imóveis da Nova York e de um no Uruguai por US$ 200 milhões. Os compradores foram a família. Essa operação foi aprovada em reunião do conselho de administração em março.
A relação entre lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) e dívida líquida (não ajustada) da empresa estava em 5,7 vezes em setembro de 2015. O indicador caiu para 2,5 vezes em dezembro, como reflexo de ações para reduzir alavancagem, incluindo a venda de ativos no exterior.
Em termos operacionais, a companhia tem crescido acima do mercado, em parte, reflexo do desempenho do shopping Cidade Jardim, que em 2015 teve expansão de 17% na receita bruta. Esse ritmo, porém, perde força, puxado pelos números negativos de dois empreendimentos: Shopping Metrô Tucuruvi e Ponta Negra, com quedas de 3,3% e 10,3% em 2015.
A divisão de shoppings e outlet teve receita bruta de R$ 295 milhões em 2015, uma alta de 16,2%, acima da média do mercado. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), a expansão do setor foi de 6,5%. A receita bruta da Iguatemi cresceu 9% e da Multiplan, 5%. A margem de lucro antes de juros, impostos amortização e depreciação foi de 85% na JHSF, de 79% na Iguatemi e de 73% na Multiplan.