Dentro de 12 anos, mais de 85% do comércio internacional será feito via e-commerce e o “made on the internet” deverá se impor em vez da etiqueta de “made in China” ou “made in Brasil”. Em trinta anos, apenas 1% do comércio global será offline, fora da internet.
Essas foram previsões de Jack Ma, co-fundador do gigante chinês Alibaba, concorrente do Amazon na cena internacional, na abertura do Fórum Público da Organização Mundial do Comércio (OMC), que este ano discute como será o comércio global em 2030.
”Vemos hoje muitos contêineres no comércio, e no futuro veremos pacotes”, afirmou. Para ele, 80% das pequenas e médias empresas serão globalizadas ”senão estarão mortas”. O comércio internacional em geral será alterado pelas novas tecnologias. ”Os negócios serão direto entre consumidor e firmas (consumer to business).
Também para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, não há dúvidas de que mais e mais comércio vai ser feito por plataformas digitais. Novas formas de entregar produtos entrarão em operação. Novos tipos de serviços vão ser criados.
A OMC calcula que a revolução tecnológica poderá ajudar a aumentar o crescimento do comércio mundial em cerca de 30% até 2030, se políticas apropriadas forem adotadas, o que significa liberalização no setor de serviços, por exemplo.
Azevêdo mencionou estudo do Fórum Mundial de Economia, de que a revolução tecnológica poderá destruir 75 milhões de empregos nos próximos quatro anos. Ao mesmo tempo, porém, poderá criar 133 milhões de novas vagas de trabalho.
As mudanças tecnológicas vão criar novos problemas. “Poderão aumentar o poder de grandes firmas ao custo de companhias menores, e isso pode criar novas desigualdades, por exemplo, entre economias avançadas digitalmente e as que ficaram para trás”, afirmou.
Jack Ma, que tem uma fortuna de bilhões de dólares graças à sua plataforma de comércio eletrônico, contou que na China milhões de mulheres à noite passam horas em discussões online sobre produtos, sem necessariamente comprar. ”Ainda bem que temos um monte de robôs para discutir com elas”, brincou.
Segundo o empresário, as empresas pagam apenas 1,6% de taxa por transação na sua plataforma eletrônica comparado a cerca de 50% que intermediários embolsam no comércio.
Ele pediu para os governos promovam a inovação, em vez de só pensarem em impor regulações.
Fonte: Valor Econômico