Especialistas debatem quais conceitos e soluções têm potencial de alavancar o desempenho do setor
Com quantas tecnologias se faz um bom varejo? Durante a abertura da 18ª edição da Feira e Congresso Internacionais de Automação para o Comércio 2016 (Autocom), organizada pela Associação Brasileira de Automação para o Comércio (AFRAC), executivos deram início nesta terça-feira (5) ao debate que não quer calar: a tecnologia pode de fato ajudar o varejo a crescer?
Segundo Jacques Meir, Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão, o varejo deve ser a luz em meio às incertezas de 2016, e os avanços tecnológicos são um dos principais fatores que podem ajudar o setor a superar a crise econômica e retomar a rota de crescimento no país. “Não se trata de ser otimista da boca pra fora, mas definitivamente acreditar no potencial do Brasil”, disse na abertura do evento.
Neste sentido, Fernando Fanizzi, Diretor de TI da Óticas Diniz, que tem 107 lojas previstas para 2016, ano em que deverá alcançar a marca de 1 mil unidades em 27 estados brasileiros, lembra que o mundo só evoluiu em meio a crises. “As pessoas se reinventaram, buscaram alternativas, revisaram seus processos, o que é algo que não costumamos fazer em períodos de vacas gordas”, avalia.
Já Jean Klaumann, vice-presidente de operações da Linx, defende seu uso, embora ressalte que, apesar de todo suporte tecnológico, não se pode negligenciar o básico. “Não se trata apenas de entender o humor do consumidor na rede social ou quantificar o volume de cliques – é perguntar se a última vez que ele esteve na loja aquele produto adquirido serviu ou não serviu”.
Veja a seguir os cinco preceitos que as estratégias e implementações tecnológicas devem seguir para promover o crescimento no varejo:
1. Banco de dados não pode virar “bando de dados” para o consumidor. O consumidor quer escolher embora anseie ser direcionado. Antes ninguém precisava de smartphone, hoje não dá pra sair de casa sem ele: muitos paradigmas foram quebrados e a ponta que move toda essa engrenagem é o consumidor. Enquanto uns pensam em resultado, outros pensam em como entrar no e-commerce. Estamos aprendendo a lidar com dados não estruturados, que se interpretados geram valor. Antes não havia como avaliar a opinião do consumidor, porém hoje os dados auxiliam a manter o foco, que deve ser voltado ao cliente para o crescimento sustentável.
2. Busca por tendências deve ser ampla e proativa. Se bem usada a tecnologia pode antever movimentos no varejo. Antigamente a visão gerencial era como o retrovisor do carro, e nos permitia olhar para trás comparando calendários. Contudo, olhar só para trás não faz mais sentido hojem dia. Temos que ter uma postura proativa, para que o negocio esteja em consonância com as tendências e a moda.
3. Observe as variáveis da compra social. Quando você vê o cliente selecionando produtos várias vezes e abandonando o carrinho digital, o que você faz com essa informação? Com as redes sociais, o consumidor não quer mais apenas comprar, mas obter a aprovação social de sua ação e atitude, além de poder influenciar a opinião de outros consumidores. Isso gera um consumo diferente, principalmente em termos de velocidade e impacto, seja ele positivo ou negativo. Por conta da repercussão em velocidade fenomenal, tecnologias de CRM e monitoramento da comunicação ajudam a entender o comportamento do cliente, uma vez que a influência digital na escolha de compra é muito grande.
4. O mobile vem primeiro. Um bom varejo se faz com relevância de preço, cobertura, conversão e principalmente o entendimento máximo do cliente. Quanto mais assertiva a proposta, mais efetiva a operação de varejo. Os especialistas concordam que estamos vivendo mais fortemente a questão do mobile first, conceito que já revela as primeiras experiências pragmáticas. Marcas relevantes já têm seu app próprio, porém quantas delas ultrapassam a os milhares de downloads na internet? Para isso, um aplicativo precisa ter relevância e trazer conveniências.
5. Interface deve ser cada vez mais invisível. Uma experiência curiosa que surgiu no mercado de postos de combustíveis foi o advento do Sem Parar iniciado pela Shell, e agora adotado pela Ipiranga. A solução permite que o consumidor informe pelo celular o quanto deseja abastecer e o frentista recebe tudo pelo tablet, sem que o consumidor tenha que abrir o vidro. O valor é eventualmente descontado no final do mês na sua conta corrente. Um pagamento simples onde não há interface.