Com a alta do dólar, as despesas de brasileiros no exterior caíram 32,1% em 2015, na comparação com o ano anterior. Os gastos em viagens ao exterior ficaram em US$17,357 bilhões no ano passado, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (26). Esse é o menor valor desde 2010, quando os gastos chegaram a US$ 15,965 bilhões.
As receitas de estrangeiros deixadas no Brasil chegaram a US$ 5,844 bilhões no ano passado, com queda de 14,6%%, na comparação com 2014.
Com despesas maiores que as receitas, a conta de viagens internacionais fechou o ano passado negativa em US$ 11,513 bilhões, contra US$ 18,724 bilhões registrados em 2014, queda de 38,5%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, destacou que é a primeira vez que houve recuou no déficit da conta de viagens em relação ao ano anterior, na série histórica, com inicio de 2010. Na comparação com o ano anterior, o saldo negativou cresceu 37%, em 2011, 7%, em 2012, 18%, em 2013, e 1%, em 2014.
Dólar
Maciel lembra que a alta do dólar influencia diretamente a conta de viagens internacionais, com redução de gastos no exterior, mas gera a expectativa de aumento de gastos de estrangeiros no Brasil, este ano. Com relação aos gastos no exterior, Maciel disse que espera pela continuidade da redução, este ano, mas não na mesma proporção de 2015. Já teve um ajuste muito forte em 2015, ressaltou.
Além do dólar mais caro, Maciel citou o crescimento menor da renda dos brasileiros como fator que explica a redução de gastos no exterior.
De acordo com os dados parciais, até o dia 22 deste mês, as receitas de estrangeiros no Brasil ficaram em US$ 484 milhões e as despesas no exterior totalizaram US$ 664 milhões. O déficit na conta de viagens está em US$ 180 milhões.
Fundos de investimentos
Em dezembro, os fundos de investimento apresentaram aplicações US$ 317 milhões maiores do que saques. Em setembro, mês em que a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota soberana do Brasil, o resultado havia ficado deficitário em US$ 335 milhões. O mês com a maior retirada da nova série histórica do BC foi em abril de 2014, no valor total de US$ 881,5 milhões.
O resultado de dezembro é fruto de ingressos de US$ 572 milhões e saídas de US$ 255 milhões.
Em 2015, os fundos investiram US$ 3,502 bilhões no Brasil, resultado bem superior aos US$ 900 milhões verificados em 2014.
Além da S&P, a Fitch também tirou o selo de bom pagador do Brasil, no dia 16 de dezembro. Dois meses antes, a agência já havia rebaixado o Brasil em um degrau, mas manteve o grau de investimento, apesar de ter deixado o País em perspectiva negativa.
Quando um país perde esse título por uma agência, os fundos ficam mais reticentes em enviar recursos para o país porque há regras específicas que impedem aplicações em locais que não têm o título de bom pagador por pelo menos duas agências. Depois da decisão da Fitch, no entanto, essa norma já foi quebrada.
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