O ano de 2015 não foi (e ainda não está sendo) fácil para a economia do País. E o Ceará sentiu bem os efeitos dessa crise. O acúmulo de decisões equivocadas tomadas anteriormente e a grave crise política que paralisou o governo federal levaram ao cenário atual de inflação, desemprego e aumento de impostos, o que afeta diretamente o bolso do brasileiro.
A situação levou à recente saída do ministro da Fazenda Joaquim Levy após um ano em que muito foi dito e pouco executado. Veja os principais fatos que afetaram a economia do Brasil e do Estado em 2015:
– Petrobras encerra projeto de refinaria no Pecém
Envolvida em diversos escândalos de corrupção, a Petrobras anunciou, no fim de janeiro, o encerramento do projeto de instalação da refinaria Premium II no Estado, após anos de expectativa. Mas a implantação não foi cancelada sem antes causar um prejuízo de quase R$ 600 milhões à empresa pública e outros prejuízos ao Ceará.
Refinaria
– Energia, combustíveis e outros itens essenciais têm reajuste
No dia seguinte, um outro anúncio afetaria diretamente o bolso do consumidor: o Banco Central anunciou uma previsão de alta nos preços administrados (energia, combustíveis, água, etc.) em cerca de 9,3%. Somente para a tarifa de energia elétrica o reajuste seria de 27,6% e para a gasolina 8% ao longo do ano. Entretanto, a realidade foi ainda mais cruel. Enquanto a conta de luz ficou cerca de 40% mais cara, abastecer o veículo teve aumento de cerca de 10%.
– Enxurrada de aumentos afeta a vida dos cearenses
Não bastassem os gastos extras comuns no início do ano, logo foram noticiados mais aumentos de diversos produtos e serviços a serem feitos ao longo de 2015. Além de combustíveis e da conta de luz, subiram também a tarifa de ônibus (duas vezes!), alimentos, crédito pessoal e produtos importados, além do material escolar e impostos como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Nem o pão nosso de cada dia escapou.
AUMENTOS
– Queda de repasses gera cortes em prefeituras
A queda no valor dos repasses do governo federal obrigou as prefeituras do Estado a reverem suas despesas diante das perspectivas da economia brasileira com desempenho nulo ou negativo e a consequente redução de suas receitas.
– Cortes no orçamento do Ceará chegam a R$ 400 milhões
O corte de gastos também foi uma medida adotada pelo Executivo estadual. Após uma previsão inicial de reduzir em R$ 220 milhões o orçamento de 2015, o Governo do Ceará, projetou cortes de até R$ 400 milhões.
– Pacote corta R$ 26 bi e prevê R$ 32 bi com CPMF
Na tentativa de cumprir a meta fiscal de 0,7% do PIB em 2016, expectativa esta já em revisão para baixo, o Executivo federal anunciou uma série de medidas entre corte dos investimentos, reajuste dos servidores públicos e redução de programas. A maior proposta, entretanto, foi a de recriação da CPMF, que nos cálculos do governo, se aprovada pelos parlamentares, vai render R$ 32 bilhões, dinheiro que iria abastecer a Previdência Social.
– Ceará já perdeu 22,8 mil vagas de emprego
Até novembro, o Ceará somava 22.891 vagas de emprego formais fechadas. Somente no mês passado, foram 3.919 postos a menos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Empregos
– Mudanças no ICMS também afetarão o bolso do cearense
2015 também teve alterações do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotivos (IPVA). A justificativa da medida foi aumentar a arrecadação para o Estado frente a atual crise. Além do aumento das alíquotas para alguns impostos, houve também medidas compensatórias, como diminuições e até isenções de taxas. No ICMS, as mudanças começam no próximo ano. No IPVA, ficaram para 2017.
– Inflação supera os 10% em Fortaleza
Entre janeiro e novembro, Fortaleza acumulou uma inflação de quase dois dígitos: 9,83%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, divulgado pelo IBGE. Esse é o maior valor da série histórica do instituto registrado na Capital. O mês passado foi o quarto do ano em que a inflação Fortaleza cresceu acima de 1%. Além disso, em 12 meses, o IPCA de Fortaleza já atingiu 10,53%.
– Cortes do Governo Federal prejudicaram o Ceará, admite Camilo
A situação levou o governador Camilo Santana a admitir uma certa frustração por não realizar o que idealizou no seu primeiro ano de mandato. O chefe do Poder Executivo, em entrevista ao Diário do Nordeste publicada no domingo (20), culpou a crise econômica e política nacional e o ano de estiagem no Ceará por inviabilizar algumas ações.
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– Dólar dispara com instabilidade econômica
As incertezas geradas pela crise política e econômica têm afetado diretamente o mercado financeiro. Um dos aspectos mais visíveis é a desvalorização do real frente ao dólar, que ronda o patamar dos R$ 4,00.
– Levy dá adeus ao Ministério da Fazenda
Depois de perder vários embates ao longo deste ano, Joaquim Levy, deixou na sexta-feira (18) o cargo de ministro da Fazenda, sendo substituído pelo então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Antes de sair, Levy chegou a dizer que o governo parece ter medo de reformas.
Diário do Nordeste on-line – CE