Em um passeio pela feira hippie neste domingo, a reportagem constatou que o movimento de vendas para a data considerada a melhor para o varejo caiu pela metade em relação ao ano passado
PUBLICADO EM 20/12/15 – 16h19
JULIANA GONTIJO
O último fim de semana antes do Natal – considerada a melhor data do ano em vendas pelo varejo – não animou os consumidores da Feira Hippie, que acontece aos domingos na avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte. O movimento deste domingo (20) chegou a cair até 50% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo alguns feirantes. É o caso de Irene Pereira Rezende. Nunca vi um Natal tão ruim em 32 anos de feira, reclamou a comerciante de bichos de pelúcia.
Irene conta que, no ano passado, por volta das 10h, ela já não tinha quase nada na barraca, o que não aconteceu neste ano. O dinheiro está curto para todo mundo. O consumidor quer comprar o mais barato possível, R$ 30 para baixo, conta.
Há 30 anos na feira, Jussara Rosane Lisboa diz que o movimento caiu na casa dos 50% frente o Natal de 2014. Está bem fraco para um Natal. Não sei se é o pior desempenho, mas é, com certeza, é um dos piores resultados, diz.
Ela frisa que o movimento abaixo do desejado para esta época do ano não é exclusividade da feira. Todo o comércio está assim, seja nas lojas ou nos shoppings. Eu analiso o movimento pela quantidade de sacolas. E vi poucas. Hoje,quando cheguei me deparei com um movimento parecido com o primeiro domingo de janeiro, depois melhorou um pouco, observa a feirante que comercializa roupas para bebês. Além das vendas abaixo do desejado em razão do desempenho ruim da economia, Jussara reclama da concorrência na mesma rua com ambulantes que estavam vendendo os mais diversos produtos na calçada.
O movimento fraco também foi verificado pelo feirante Divino Evangelista, que trabalha na feira vendendo roupas há dez anos. Está 30% menor em relação ao ano passado, diz.
Para vender, ele conta que reduziu o preço. E a estratégia deu certo, já que a barraca da família de Evangelista estava cheia no começo da manhã deste domingo. O atrativo foi a blusa de R$ 10. No ano passado, elas custavam R$ 20. Tem que saber trabalhar. É nossa estratégia para vender. As pessoas são atraídas pelo preço baixo. Será o Natal das lembrancinhas, diz. Em 2015, Evangelista conta que conseguiu manter as vendas de 2014.
O feirante do ramo de sapatos Geraldo Humberto Caixeta Franco conta que o movimento na manhã de domingo está igual ao de um dia normal. Não encheu como acontecia perto do Natal, diz. Na comparação com 2014, as vendas ficaram estáveis. Agora, para os produtos mais caros, acima de R$ 45, a comercialização caiu em torno de 20%, diz. Há 40 anos no ramo, ele ressalta que os custos subiram, em especial, o preço do couro, mas ele não conseguiu fazer os repasses com receio de perder vendas.
O Tempo on-line – MG