BTG Pactual enfrenta saída conturbada de algumas apostas de André Esteves
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015 16:00
Por Tatiana Bautzer e Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) – Quando o BTG Pactual assumiu o controle da varejista Leader Participações há cerca de três anos, parecia que ocorreria um clássico caso de reestruturação: uma rede problemática que poderia ser modernizada para atender a florescente classe média do país.
O tiro saiu pela culatra quando a clientela da Leader apertou os cintos conforme o Brasil entrou na pior recessão em 25 anos. A atuação do banco de investimentos em uma fusão da rival Seller ajudou, então, a azedar uma relação tensa com a família Gouvêa, fundadora da Leader.
O investimento, um das duas dezenas de compras que o fundador do BTG Pactual, André Esteves, realizou com recursos próprios e de clientes durante meia década de negócios frenéticos, agora está sob ameaça, com a sua prisão no mês passado em desdobramentos relacionados à operação Lava Jato.
O BTG Pactual, que Esteves transformou no maior banco de investimento independente da América Latina nesta década, está rapidamente vendendo ativos e recebendo financiamento emergencial, enquanto investidores se mostram assustados, temerosos de que ele seja afetado pelo escândalo.
Os problemas do banco significam que co-investimentos como a Leader, que emprega 6 mil funcionários, ou a Brasil Pharma, endividada rede de drogarias, podem não receber novos recursos. A empresa de sondas para exploração de petróleo Sete Brasil, que Esteves descreveu como “seu maior fiasco”, está sob o risco de colapso, com 4 bilhões de dólares em dívida antes de ter entregue seu primeiro navio.
MAIS JOVEM BILIONÁRIO
Esteves, que já foi analista de sistemas, comprometeu cerca de 10 bilhões de dólares em recursos do banco e de clientes para projetos fundiários, participações acionárias, imobiliários e de infraestrutura ao longo dos últimos seis anos. Ele emergiu à fama internacional em 2006, quando, aos 38 anos, se tornou o mais jovem bilionário brasileiro com a venda do antecessor do BTG Pactual ao UBS.
Agência Reuters – SP