Intimidados pela inflação alta, aumento do desemprego e encolhimento da renda, os brasileiros executaram um ajuste fiscal em seus lares e levaramo consumo das famílias a cair 4,5% no terceiro trimestre em comparação a igual período de 2014. E a maior queda na série do IBGE, iniciada em 1996.
Os consumidores vivem um total vácuo de perspectiva, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular. O consumo depende de renda e expectativa, tudo que estão ganhando e expectativa de que pode entrar no crediário, de que pode não segurar o dinheiro. Com a situação de hoje, ele fica mais pessimista, e pessimistas consomem menos.
O cenário atual inclui taxa de desemprego nacional a 8,9% no terceiro trimestre, a maior da série da Pnad Contínua (iniciada em 2012), e queda de 1,2% na renda média dos trabalhadores em relação ao período de abril a junho. Esses fatores, somados à alta dos juros, ao ritmo menor nas concessões de crédito e ao avanço dos preços limitam as decisões de compra.
A depender dos consumidores, o quadro de contenção de despesas deve continuar em 2016, uma vez que não haverá recuperação no mercado de trabalho. O Data Popularverificou em pesquisa recente que 84%
dos brasileiros acreditam que há crise de perspectiva, e 89% não conseguem mencionar nenhuma pessoa capaz de tirar o País desse mau momento.
A restrição nos gastos afeta diretamente setores como serviços e comércio. O PIB de serviços encolheu 2,9% em relação ao terceiro trimestre de 2014, outro recorde na série.
Resultado é fruto de uma quedageneralizada, que atingiu desde o transporte de cargas e de passageiros até o comércio, a alimentação fora de casa e os serviços prestados às empresas, como consultorias. No caso da alimentação fora de casa, isso tem a ver com renda em queda, diz a gerente de Contas Regionais do IBGE, Claudia Dionísio.
O Estado de S. Paulo – SP