Confiantes em relação ao cenário macroeconômico que se desenha para 2019, os players do setor supermercadista devem retomar o ciclo de investimentos nos negócios. A abertura de lojas, contratação de funcionários e estoque com mais itens importados estão entre as intenções de aporte.
“Para 2019, esperamos que o setor de supermercados e hipermercados cresça em torno de 4%. Neste ano, o que atrapalhou foi a oscilação da taxa de câmbio, que colocou pressão sobre os preços dos produtos e transporte. De todo o modo, é um dos principais segmentos do varejo, representando cerca de 30% do faturamento total do comércio brasileiro”, afirmou o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes.
Para o especialista, o cenário econômico – sobretudo com a possibilidade estabilidade cambial – vai estimular investimentos como “a criação de 35 mil empregos” e um equilíbrio maior nas gôndolas entre itens estrangeiros e nacionais. “Se o dólar recuar mais, haverá maior estímulo na venda dos produtos importados”, argumentou Bentes, destacando que a moeda americana mais “fraca” pode auxiliar também no comércio de bens duráveis dentro desse setor.
A título de informação, segundo um estudo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em outubro, 65% dos supermercadistas apresentaram otimismo com o ambiente econômico nos próximos seis meses – atingindo o maior nível de confiança na análise bimestral de 2018.
Seguindo o tom dos indicadores econômicos e da tendência de equilíbrio cambial , a rede de supermercado UNNO, localizada no Rio de Janeiro, deve faturar mais 5% no natal deste ano comparado ao mesmo período do ano passado. “Para o ano que vem, prevemos uma demanda maior por conta da possibilidade de mudanças econômicas e realização de reformas”, comentou o presidente da rede de supermercados, Genival Bezerra.
De acordo com o executivo, a rentabilidade dos negócios deve ser sustentada, em parte, por uma maior participação maior dos produtos importados nas vendas totais. “Estamos esperando uma alta de 5% e 10% no tíquete médio. Os produtos com maior venda na categoria de importados devem ser os azeites, vinhos e biscoitos”, afirmou Bezerra. Em sintonia com essa visão, outro estudo realizado pela Abras revela que, para 2019, os produtos registrados com maior demanda de serão: sorvete (14,9%), iogurte (11%), massa instantânea (10,5%) e pasta refrigerada (9,7%).
Ainda de acordo com Bezerra, há expectativa de aumento no quadro de funcionários, mas que tal medida dependerá de como será o desempenho da rede ao longo do ano.
Nesse sentido, outro exemplo de rede que anunciou futuros aportes para o ano que vem foi o grupo Savegnago. Segundo pronunciamento da empresa realizado no mês passado, haverá investimento de R$ 300 milhões em 2019.
O investimento será destinado para a abertura de mais 10 lojas até 2020; contratação de dois mil novos funcionários; e reformas das unidades já existentes. Além disso, perspectiva de faturamento da rede é atingir valor de R$ 3 bilhões e incremento de 30% na receita nos próximos dois anos. “Nosso objetivo é que a nossa rede esteja entre as 10 maiores do Brasil”, disse um dos fundadores da rede de supermercados, Sebastião Edson Savegnago.
Investimento no online
Com posicionamento estratégico alinhado ao processo de transformação digital e integração entre os canais físicos e online, o presidente do Grupo GPA, Peter Estermann, afirmou que um dos desafios, a partir de 2019, diz respeito à ampliação da base de clientes nas plataformas virtuais.
“Hoje temos 7,5 milhões de downloads nos aplicativos do Meu Desconto e Meus Prêmios. Pretendemos dobrar esse número de usuários”, afirmou Estermann, sem relevar em quanto tempo esse incremento será realizado.
Em relação às expectativas de evolução geral nos negócios para o ano que vem, o presidente da companhia declarou que o GPA “entra num ciclo de retomada do crescimento orgânico do multivarejo continuando com os avanços do Assaí, com foco importante no processo de transformação digital e também investimento nas marcas próprias.”
Segundo ele, a expectativa é dobrar para 140 o número de lojas integrados ao “Delivery Express”, modelo de entrega a partir das próprias unidades.
Fonte: DCI