09/11/2015 às 05h00
Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
Uma das mais importantes indústrias de confecções do Brasil nas décadas de 70 e 80, a Sulfabril, de Blumenau (SC), voltará ao mercado em 2016, pouco mais de um ano depois de encerrar as atividades por determinação da Justiça, em dezembro de 2014. O retorno ocorrerá sob comando de um grupo de empresários que arrematou a fábrica, os equipamentos e as marcas da empresa em leilão judicial em setembro e planeja lançar as primeiras coleções em fevereiro do ano que vem para entregar os produtos nas lojas até junho. De setembro de 1999, quando teve o pedido de autofalência aceito pela Justiça catarinense, até o fim do ano passado, a Sulfabril operava como massa falida. Os novos controladores, que também atuam em segmentos como máquinas e resinas termoplásticas em Santa Catarina e São Paulo e formaram a joint venture NSA Invest, pagaram R$ 34,1 milhões no leilão destinado a levantar recursos para pagar antigas dívidas trabalhistas e investirão mais R$ 25 milhões em um ano para deixar a fábrica em condições de atender o plano estratégico até 2018, diz o presidente Rafael Cunha. A meta é vender 300 mil peças por mês em 2016, 600 mil em 2017 e 900 mil ao mês em 2018. A empresa tem condições de bancar sozinha os novos projetos, mas mesmo assim, conforme o executivo, vai buscar parceiros dispostos a se instalar no complexo industrial de 50 mil m2 de área construída em um terreno de 150 mil m2 para assumir parte dos aportes e da produção em áreas como tecelagem, tinturaria, estamparia e corte. “Será um consórcio modular”, explica. O lançamento das primeiras coleções, para a temporada primaveraverão 2016/2017, será feito em convenção com os representantes em Blumenau e vai incluir ações de marketing nos pontos de venda, afirma o executivo. Também deve ser realizada uma campanha publicitária de alcance nacional, mas o plano ainda está em desenvolvimento. Segundo Cunha, o foco da empresa será a produção de vestuário, mas pelo menos no início a empresa também vai se encarregar do processo de tinturaria. Os equipamentos adquiridos no leilão estão em fase final de recuperação e manutenção e poderão operar já no dia 15 deste mês. A capacidade instalada é de 400 mil toneladas por mês, o suficiente para suprir a demanda própria da empresa e para prestar serviços a terceiros, mas pode ser triplicada com um investimento adicional de cerca de R$ 5 milhões. As primeiras coleções da nova fase da malharia levarão as marcas Sulfabril e Senha e serão destinadas aos públicos adultos masculino e feminino. Já as novas linhas SF Kids (infantil) e a Pura Onda (moda jovem) ainda estão em desenvolvimento. Para o presidente da empresa, as marcas seguem firmes na memória dos consumidores e o reinício das entregas dos produtos nas lojas, em meados do ano que vem, deve coincidir com o início da recuperação da economia no país. No Brasil, uma equipe de 70 representantes comerciais retomou os contatos com os mais de 6 mil pontos de venda multimarcas que já trabalhavam com a Sulfabril e demonstraram interesse de voltar às compras, disse Cunha. Ao mesmo tempo, a empresa pretende reativar as exportações da marca para países como Paraguai, Peru e Colômbia e espera que em 2016 pelo menos 10% da produção já tenha o mercado externo como destino. O número de funcionários deve chegar a 120 no fim deste ano, mas o presidente não revela as expectativas de faturamento. Desde a falência, a Justiça organizou vários leilões para levantar recursos e pagar dívidas da massa falida, mas até o ano passado não houve interessados. Os últimos, em setembro, incluíram terrenos e imóveis não operacionais, vendidos por pouco mais de R$ 6 milhões, e o pacote formado por marcas, fábrica e máquinas. A oferta da NSA ficou em segundo lugar, mas os investidores que haviam vencido o pregão com uma proposta de R$ 34,6 milhões desistiram do negócio poucos dias depois.
Valor Econômico – SP