30/10/2015 20:00
// Por: Moacir Drska
A cadelinha Miranda faz as honras na chegada à casa de três andares no bairro da Vila Madalena, um dos corações da vida noturna de São Paulo. De tempos em tempos, ela convive com pessoas das mais diversas origens. Americanos, franceses, japoneses. Nesta manhã, no entanto, o convidado é um brasileiro: Leonardo Tristão, de 43 anos. Uma das acomodações do Airbnb no Brasil, o imóvel é o cenário para a primeira aparição do executivo desde que assumiu o comando do site americano de compartilhamento de hospedagens no País, há três meses.
O casamento entre “a nova forma de viajar” do Airbnb e a hospitalidade dos brasileiros influenciou Tristão a deixar o Facebook, onde ele trabalhou nos últimos quatro anos. O fato de chegar à nova casa em um contexto econômico conturbado não assusta o executivo. Ao contrário. Se com a economia em alta, o Airbnb vai bem. Em baixa, como agora, ele pode ir até melhor. “Muitas pessoas estão usando nossa plataforma como renda extra”, diz. Em setembro, cinco mil anúncios foram adicionados ao serviço no Brasil. No modelo do Airbnb, os anfitriões pagam uma taxa de 3% ao site a cada hospedagem.
Dos viajantes, o serviço cobra uma taxa de 6% a 12%. Nessa ponta, a crise também trouxe mudanças. Com a alta do dólar, os brasileiros migraram das viagens internacionais para os roteiros domésticos e já são maioria entre os que adotam a plataforma para viajar pelo País. “Uma área que olhamos com atenção é o litoral, pois esse tipo de viagem faz parte da cultura do brasileiro”, diz. O Airbnb tem ofertas em mais de 670 cidades de todo o País. Parceiro da Olimpíada do Rio de Janeiro, a empresa já contabiliza 7,5 mil reservas para o evento. Parte da receita de sucesso do Airbnb é sua estrutura enxuta. No País, o time tem apenas 20 pessoas.
O roteiro de Tristão inclui, porém, um desafio: as alegações de que o Airbnb não está sujeito às obrigações jurídicas, regulatórias e fiscais do setor hoteleiro. Parte da estratégia local, diz ele, é debater com os poderes Executivo e Legislativo uma regulamentação para serviços desse porte. E o Airbnb tem duas prioridades. A primeira é que o processo para que os anfitriões adotem e sigam a legislação seja simples. “Queremos garantir que as transações na plataforma gerem receitas para o Estado.”
Revista IstoÉ Dinheiro – SP