23/10/2015 às 05h00
Por Ana Paula Ragazzi | Do Rio
Com 78 anos de vida, o Grupo Dadalto, um dos principais varejistas do Espírito Santo, pediu recuperação judicial. O grupo iniciou um processo de venda no início do ano. Os principais varejistas do país olharam a empresa, mas, com a crise econômica, a situação do Dadalto se deteriorou rapidamente. Em nota, o grupo informou que as lojas Dadalto e D&D “estão reagindo contra a conjuntura econômica desfavorável, que afeta todo o varejo brasileiro, com responsabilidade, respeito ao mercado e total confiança na recuperação do setor, que tanto contribui para a economia do país”. A empresa diz ter a expectativa de que os ajustes necessários serão bemsucedidos e que o crescimento do negócio será retomado o mais rápido possível. O advogado Sergio Bermudes informou ao Valor que até a segundafeira o juiz da 13ª Vara de Vitória deverá apreciar o pedido de recuperação judicial. “Não há razão para o pedido não ser aceito, uma vez que a empresa está completamente regular e sua atividade é estável. O pedido de recuperação acontece por questões circunstanciais”, afirmou Bermudes. Segundo ele, após a apreciação do juiz, o Dadalto deverá apresentar o plano de recuperação judicial que “já está em elaboração e conta com o apoio de diversos credores”, disse. A área de varejo do grupo, que entrou em recuperação judicial, tem lojas de departamento, com artigos de cama, mesa e banho, decoração, utilidades, esporte e Lazer, áudio e vídeo e telefonia celular, além da D&D, loja de material de construção. A Dadalto tem lojas em Espírito Santo, Minas Gerais e na Bahia. O Valor apurou que, apesar de não terem se interessado em comprar o negócio, há varejistas interessadas em ficar com lojas do grupo, uma vez que tanto Dadalto quanto D&D têm pontos comerciais bastante atrativos. As dificuldades vinham tornandose públicas desde setembro, quando o grupo fechou 15 lojas. Mas os problemas, de acordo com fontes, começaram a surgir há três anos quando o grupo promoveu uma expansão muito acelerada de seus negócios, contraindo para isso “dívida cara”. Com a piora da situação macroeconômica, a empresa passou a enfrentar dificuldades na renegociação e em novos financiamentos. Inicialmente, o plano estratégico para 20122016 era abrir 159 novas lojas. Mas por conta das dificuldades encontradas para administrar o novo porte do negócio, a empresa interrompeu no ano passado esse projeto, para aguardar pela maturação das lojas e investimentos já realizados. O grupo passou a proteger seu caixa e também se programou para fechar lojas que não tivessem resultado positivo. Atualmente, 35 lojas do grupo continuam funcionando. A última divulgação de balanço do Grupo Dadalto foi feita em 21 de outubro de 2014 no Diário Oficial do Espírito Santo e trouxe os números de 2013. Eles mostraram receita líquida de R$ 1 bilhão e um prejuízo de R$ 3,8 milhões. O grupo foi fundado por Antonio Dadalto e além das lojas de varejo, possui a Dacasa Financeira, a Promov (call center) e a Fundação Educacional Antonio Dadalto (Fead). Estas estão fora da recuperação judicial.
Valor Econômico – SP