03/09/2015 09h23
A ordem da matriz é não tirar o pé do acelerador, apesar da crise, e levar a cabo a meta de abrir 30 unidades neste ano, mais 50 no próximo
No Brasil desde os anos 80, a rede Pizza Hut começou a desenhar, em 2012, um plano agressivo de expansão, que está saindo do papel justamente no momento em que a economia brasileira enfrenta a pior recessão dos últimos 25 anos.
A ordem da matriz, a americana Yum! Brands – que também controla a rede de fast-food KFC -, é não tirar o pé do acelerador, apesar da crise, e levar a cabo a meta de abrir 30 unidades neste ano, mais 50 no próximo e chegar em 2018 com um ritmo de expansão anual de 100 novas unidades. Esse já é o nível de crescimento de redes de fast-food como Burger King, mas para a Pizza Hut no Brasil o feito é inédito.
Entre 2001 e 2010, por exemplo, a empresa ampliou o número de restaurantes de 67 para 71 apenas. Nesse período, a Yum! Brands comandava o mercado brasileiro de um escritório localizado em Miami e já tinha decidido tirar do país o coirmão KFC, que está de volta com 22 lanchonetes. Em 2012, a companhia americana, instalou-se definitivamente na capital paulista sob o comando do mexicano Agustin Dominguez Larrea, diretor de expansão da Yum! Brands.
Naquele ano, ainda se falava em crescimento de 3,5% do PIB brasileiro e a taxa básica de juros, a Selic, estava em 9%. Mas os ventos mudaram de direção por aqui. “De fato, o cenário é outro”, diz o executivo. “O lado positivo é que adotamos um modelo de expansão que nos traz mais possibilidades do que problemas nesse momento.” Larrea se refere às unidades menores da rede que começaram a ser desenvolvidas no Brasil por sugestão de um franqueado.
O modelo Express foi feito sob medida para as praças de alimentação de shoppings e para atender quem quer comer uma fatia de pizza, sem pagar muito nem gastar tempo. A ideia foi levada à matriz pelo maior e mais antigo franqueado da rede no Brasil, o empresário Jorge Aguirre. Ele é dono de 36 restaurantes em São Paulo, que no ano passado faturaram juntos R$ 160 milhões. “Queria encontrar uma forma rápida de multiplicação de pontos de venda e divulgação da marca”, diz.
Foi com base nesse formato, e no de delivery trazido dos EUA, que a rede estruturou seu crescimento nos últimos anos. Entre 2012 e 2014, foram inauguradas 33 unidades. Hoje, no total, são 95, mas a Yum! vê potencial de chegar a 1 mil. As pizzarias mais enxutas conseguiram garantir a retomada da Pizza Hut no Brasil e foram exportadas para alguns dos 130 países em que a rede está presente, entre eles Tailândia, Malásia e França. No mundo inteiro, já são 140 unidades neste formato.
A sacada de Aguirre e sua relação de longa data com a marca o levaram, no ano passado, ao conselho de administração global da Yum!. Ele é um dos nove franqueados, de um total de 140 no mundo, que participam do órgão colegiado.
Olho do dono
Para consolidar o crescimento da marca no Brasil, a Pizza Hut vai abrir, pela primeira vez no país, unidades próprias, que servirão de laboratório para promoções e novos formatos de atendimento. As cinco unidades serão inauguradas entre este mês e novembro. Depois de muitos anos estagnada, a Pizza Hut parece estar acertando a mão, na opinião do consultor Sérgio Molinari, da Food Consulting. “Ela ficou muito tempo parada e agora está fazendo o que todas as outras também estão”, diz. “As redes de alimentação não podem cogitar ficar sem crescer, ou perderão mercado e dinheiro.”
Com o modelo de expansão que adotou no Brasil, diz Larrea, a crise está afetando menos a companhia por dois motivos: os clientes que buscam uma refeição mais barata têm migrado do restaurante para a praça de alimentação de shopping, ao mesmo tempo em que os contratos de aluguel nos centros comerciais também estão mais flexíveis.
Hoje, a operação brasileira da Yum! Brands, com Pizza Hut e KFC, que ainda não deslanchou, representa menos de 1% do faturamento da companhia. No passado, a empresa registrou receita de US$ 13,2 bilhões – quase metade vem da China, onde, há um ano, a Yum! se envolveu num escândalo de segurança alimentar. O episódio afetou os resultados da companhia no fim de 2014, mas os investidores já começaram a fazer as pazes com a empresa. Os mercados com maior potencial de crescimento do grupo são o indiano e o brasileiro, nesta ordem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Revista Época Negócios on-line – SP