17/07/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
O Carrefour continua a crescer de forma mais acelerada que o Grupo Pão de Açúcar (GPA), do grupo Casino, na área alimentar no país neste ano, mas a diferença nas taxas de expansão se reduziu. Isso, segundo analistas, pode indicar que a área de hipermercados do GPA está reagindo. Se esta recuperação se confirmar, a disputa entre as duas varejistas tende a acirrarse neste segundo semestre. Dados publicados ontem pelo Carrefour mostram que sua receita bruta subiu 10,7% de abril a junho. O GPA registrou alta de 6,4% na área de supermercados, hipermercados e atacado em igual período. No trimestre anterior, Carrefour crescia 13% e o GPA, 8%. No quarto trimestre de 2014, as taxas de expansão na venda bruta eram de 14,7% e 5,6%, respectivamente, o maior intervalo já verificado entre as varejistas, pelo menos, nos últimos três anos. No caso do GPA, o índice de abril a junho se refere à receita líquida (única taxa divulgada pelo grupo até o momento), enquanto o número do Carrefour divulgado é apenas a venda bruta. Os quatro trimestres anteriores mostram variação da receita bruta, em média, um ponto percentual abaixo do ritmo de expansão da receita líquida. Portanto, não é uma variação que afeta a análise de que há redução nas diferenças de crescimento. Os dados do GPA desconsideram os números da Via Varejo (Casas Bahia e Ponto frio), já que o Carrefour não opera neste segmento e a inclusão poderia distorcer a análise. Em relação às vendas “mesmas lojas”, que inclui pontos com mais de um ano, e exclui aberturas, as diferenças também caem. De abril a junho, a receita “mesmas lojas” subiu 7,1% no Carrefour e no GPA Alimentar, 3%. No trimestre anterior, os índices eram 8,4% e 3,2%, respectivamente. “Embora [o GPA] ainda esteja atrasado em relação ao seu maior concorrente, o fosso entre as vendas ‘mesmas lojas’ [do GPA] contra Carrefour, que já atingiu um pico de 9,4 pontos percentuais no fim de 2014, foi diluído para 4,1 pontos percentuais no segundo trimestre de 2014. Em resumo, nós recomendamos aos investidores manter um olhar atento sobre esta lacuna no futuro, já que esta tendência aliviaria nossas preocupações sobre problemas de execução [no GPA]”, escreveu em relatório o analista Guilherme Assis, da Brasil Plural. O GPA na área de varejo de alimentos de forma mais intensa, no segmento de hipermercados sentiu a desaceleração nas vendas no segundo semestre de 2014. Dificuldades de atingir resultados com o formato de loja da empresa, num ambiente econômico mais difícil, afetou ritmo de crescimento. Vendas líquidas dos hipermercados Extra encolheram 2,6% no último trimestre de 2014. Neste mesmo período, o Carrefour acelerou reformas em 2014, e passou a obter resultados nos últimos trimestres, quando o GPA apresentou dificuldades. Além disso, o Carrefour continua a registrar expansão nas vendas do Atacadão, o varejo que mais cresce hoje, e que estaria respondendo por 55% da receita do grupo no país. Já o GPA renovou em 2014 mais supermercados Pão de Açúcar com peso menor nos números, responde por 17% das vendas do que hipermercados. Essas megalojas pesam mais nos resultados, respondendo por 37% da receita. E começaram a ser reformadas, de forma mais acelerada, neste ano. É provável, portanto, que as reformas tragam resultados mais consitentes nos próximos trimestres. De janeiro a junho, o GPA abriu, na área alimentar, abriu 49 lojas (supermercados, hipermercados e atacados). Em reformas, foram modernizadas 24 pontos do Extra. No mesmo período, o Carrefour inaugurou menos cinco lojas do Atacadão e reformou oito pontos da bandeira Carrefour.
Valor Econômico – SP