Além de fazerem do O Boticário a maior rede franqueadora do País, sócios do Grupo Boticário investem em outros segmentos fora do ramo de cosméticos
Por Wilian Miron e Paulo Gratão
Artur Noemio Grynbaum, presidente e sócio do Grupo Boticário, é um empreendedor nato. Além de comandar a maior rede de franquias do Brasil em número de unidades são mais de três mil lojas no País , ele mantém investimentos em áreas fora do segmento de beleza, através do fundo 2+Capital e por meio de alguns aportes no mercado imobiliário. Miguel Krigsner, fundador da marca e presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário, é sócio de Grynbaum tanto no O Boticário, quanto em algumas empreitadas fora do grupo de cosméticos, através do fundo.
Constam no portfólio do fundo 2+Capital redes de alimentação e vestuário, como o Grupo Scalina, detentor das marcas Trifil e Scala, e a distribuidora Frajo, especializada em cosméticos nacionais e importados.
Mas Grynbaum tem outros investimentos de peso, entre eles, uma participação generosa na Companhia Tradicional de Comércio, dona de 22 marcas, entre as quais estão bares e restaurantes famosos em São Paulo, como Pizzaria Braz, Lanchonete da Cidade, Original e Pirajá.
O interesse pelo ramo de alimentação se justifica, segundo Grynbaum, pelo fato de o setor passar bem por crises, assim como a área de serviços educacionais, que está no radar do empresário para futuros investimentos.
Segundo ele, o modelo de negócios do fundo é aportar recursos financeiros, inteligência e gestão nas empresas. Queremos participar das decisões e do modelo de gerenciamento da empresa na qual vamos investir.
E, embora mantenha investimentos em outros segmentos, seguindo a velha máxima de não guardar todos os ovos na mesma cesta, Grynbaum afirma que a grande paixão é mesmo o ramo de cosméticos.
De acordo com ele, em 2010, dois anos após chegar ao comando da companhia, o grande desafio do Grupo Boticário era o de implantar e consolidar três novas marcas focadas no mercado de beleza, todas em território nacional. Agora, cinco anos depois, a empresa tem como meta consolidar sua chegada à Colômbia, onde tem cinco lojas em funcionamento desde o final de 2014.
A primeira delas foi inaugurada em agosto, e agora a empresa conta com uma equipe dedicada à operação naquele país, inclusive com profissionais brasileiros que foram destacados para atuar na nova empreitada do O Boticário.
No horizonte colombiano da rede está o plano de ter entre 40 e 50 lojas em três anos, comenta o presidente do Grupo, Artur Grynbaum. As perspectivas são boas, porque temos visto que os produtos são bem aceitos.
O interesse do O Boticário pelo mercado colombiano é decorrente do momento econômico pelo qual o país passa: em 2014, o Produto Interno Bruto colombiano cresceu 4,6%, alcançando os US$ 404 bilhões, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas (Dane). Em 2013, a cifra era de US$ 387 bilhões. E a perspectiva para este ano é a de que a Colômbia ultrapasse a Argentina e se consolide como a segunda maior economia da América do Sul. É o país que mais se desenvolveu na América Latina, e tem mostrado também uma estabilidade econômica, disse Grynbaum, em entrevista exclusiva.
Balanço
À frente do O Boticário desde 2008, o executivo faz um balanço positivo de sua gestão, e lembra do desenvolvimento de novas marcas e produtos pelo grupo, entre 2010 e 2012. Somos empreendedores, e sempre tivemos muitas ideias de negócios e produtos, comenta sobre a postura da empresa de colocar no mercado marcas diferentes do mesmo ramo de cosméticos.
Dois anos após sua chegada, a maior rede franqueadora do Brasil lançou no mercado três novas marcas: a Eudora, focada no segmento multicanal (lojas próprias, vendas diretas e e-commerce), e voltada para o mercado de cosméticos; a quem disse berenice?, unidade de negócios criada em 2012, focada em maquiagem, e que já tem mais de 130 pontos de venda no mercado brasileiro, além de atuação por e-commerce, e a The Beauty Box, rede de lojas multimarcas de cosméticos e perfumes, lançada no mesmo ano e que tem 70% de produtos importados e 30% nacionais.
De acordo com ele, atacar novos segmentos já fazia parte da estratégia do Grupo, mas a decisão veio mesmo após a empresa entender que, a partir daquele momento, o consumidor brasileiro teria um comportamento diferente em relação ao consumo de cosméticos e produtos de beleza. Achamos que seria o momento ideal para atender a novos públicos consumidores, então resolvemos tirar da gaveta vários planos que já tínhamos.
Outros projetos de expansão da empresa foram colocados em prática neste período, entre eles, a construção de fábricas para ampliação da capacidade de produção e Centros de Distribuição. O investimento total no projeto foi de R$ 1 bilhão até agora. Fazer resultados sempre demanda muito trabalho, mas temos o nosso guarda-chuva preparado.
Perguntado sobre como enxerga o atual momento econômico do País, que tem tirado o sono de muitos empresários, Grynbaum é enfático: Crise é, sim, um momento de oportunidades, o que não dá é pra confundir o momento e deixar de fazer uma gestão mais firme. Em 2014, o Grupo Boticário teve faturamento de R$ 9,3 bilhões, e crescimento de 16% frente ao apurado no ano anterior.
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Queremos participar das decisões e do modelo de gerenciamento da empresa na qual vamos investir
Artur Grynbaum
Crise é, sim, um momento de oportunidades, o que não dá é pra confundir o momento e deixar de fazer uma gestão mais firme
Artur Grynbaum
Revista Varejo, Serviços e Oportunidades