20/05/2015 Entrevista com Pedro Guasti diretor da E- Bit O comércio eletrônico cresceu 24% em 2014, com 51,5 milhões de e-consumidores (10,2 milhões de estreantes), segundo pesquisa realizada pela E-bit. Cerca de 9% das compras foram feitas por meio de dispositivos móveis, principalmente smartphones. “Estimamos que, até o final de 2015, as vendas no comércio eletrônico atinjam um crescimento de 20% em relação a 2014, quando o faturamento chegou a R$ 35,8 bilhões”, diz Pedro Guasti, diretor executivo da E-bit. O varejo já sente os efeitos da economia em passos mais lentos. O mesmo acontece no comércio eletrônico? Com a mesma intensidade? Por quê? Pelo que percebemos desde o início do ano, o consumidor reduziu um pouco o ritmo de compras, mas está adquirindo produtos de melhor qualidade e maior preço. Dessa maneira, notamos que as compras estão cada vez mais planejadas, com um consumidor mais informado e exigente na busca por produtos com maior valor agregado. Ao mesmo tempo, no e-commerce há a característica de os preços serem, em geral, mais competitivos do que no varejo off-line. Além da comodidade de ter o produto entregue em casa e a possibilidade do frete grátis, dependendo da loja ou das condições oferecidas por ela, e o consumidor pode utilizar o Buscapé, por exemplo, e pesquisar o melhor produto, encontrar a melhor oferta e economizar. A E-bit estima que até o final de 2015, as vendas no comércio eletrônico atinjam um crescimento de 20% em relação a 2014, quando o faturamento chegou a R$ 35,8 bilhões. Ações de marketing e preço competitivo são algumas das estratégias sempre válidas para atrair novos consumidores e vender mais em tempos de crise. Podemos fazer uma projeção? Como será o e-commerce no Brasil e o perfil do consumidor em 2020? Qual a tendência? O e-commerce continuará ganhando relevância no Brasil e no mundo, cada vez mais integrado e atendendo ao consumidor, hoje mais conectado e exigente. Com a maior adoção dos dispositivos móveis e banda larga, atingiremos um patamar ainda maior de importância do e-commerce, podendo representar 10% das vendas do varejo total no Brasil (hoje representa algo como 2,7 % do todo). Quais suas dicas para quem está ingressando no e-commerce agora? Quais as ações fundamentais? Quem deseja investir no setor precisa buscar informações, qualificação e planejar seu negócio, procurando conhecer os detalhes do mercado que a loja será inserida, ou seja, qual o volume de e-consumidores, taxa média de conversão e tíquete médio do setor que a loja atuará. A qualificação pode vir por meio de cursos de planejamento e gestão de e-commerce. Hoje existem cursos especializados para formar profissionais de e-commerce oferecendo uma visão inicial para o empreendedor digital. Entre os grandes desafios estão conseguir oferecer um serviço muito bem prestado, saber agradar o consumidor, que pesquisa em várias lojas e é atraído por aquela que melhor poderá atendê-lo e lhe ofereça mais vantagens. O lojista deve ter todo o cuidado com a apresentação de seu site, trazer detalhes dos produtos, ter um serviço de atendimento bem preparado para antes e depois da compra, ter uma política de troca e devolução de produtos, já que a experiência do consumidor é levada em conta para que ele volte à loja ou a recomende para outras pessoas. Disponibilizar uma loja virtual que funcione em dispositivos móveis é também uma sugestão importante pois, como mostrou a E-bit em seu relatório WebShoppers, já chegamos em janeiro deste ano a 9,8% das vendas no e-commerce finalizadas em smartphones ou tablets no Brasil. Apostar em nichos continua representando um bom negócio? Por quê? Com certeza. Se o empreendedor resolve investir em segmentos específicos para sua loja online, ele consegue se diferenciar de outros grandes varejistas que já têm força em segmentos muito explorados, principalmente na venda de bens de consumo como eletro eletrônicos, informática e eletrodomésticos, por exemplo. Apostando em nichos, ele pode sair na frente (quando o foco do negócio é novo, sendo algo que ninguém ainda investiu) ou tem pelo menos maior chance de fidelizar seu público, especializando-se nessa venda, entender quais são os interesses e perfil de seu público e conhecer seus hábitos de consumo, para atendê-lo da melhor maneira. As oportunidades são aquelas que oferecem serviços específicos, e que muitas vezes não foi explorado ou tem ainda mais espaço para crescer. Por exemplo, algumas categorias como Casa e Decoração, Esporte e Lazer, e Brinquedos e Games, Alimentos e Bebidas, Colecionáveis, podem ser mais explorados, além de produtos personalizados que ainda não são oferecidos pelas lojas virtuais. Quais oportunidades serão abertas pelas Olimpíadas para o e-commerce brasileiro? A venda de artigos esportivos de futebol podem ser uma forma de aproveitar o evento. Venda de TVs pode ser alavancada, porém não tão fortes como no ano passado para a Copa do Mundo no Brasil. Quais os grandes desafios do e-commerce brasileiro? Quais as barreiras a serem superadas? Um dos entraves que podemos citar é a infraestrutura logística do Brasil. Temos restrição de acesso às cidades, congestionamentos e roubo de carga, por exemplo, que encarece e impacta o prazo de entrega dos produtos. Outra frente que precisamos melhorar é a qualidade dos serviços de telefonia móvel, pois ainda temos muitas cidades sem rede 3G ou 4G de qualidade. De uma forma geral, operar no Brasil é caro e complexo e precisamos melhorar nossa legislação fiscal e tributária. Como evitar o insucesso no comércio eletrônico? Planejamento, qualificação, muita dedicação, esforço e uma pitada de sorte podem ser fatores importantes para chegar ao sucesso. Além disso, é fundamental conhecer o mercado e ter um plano de negócios bem especificado que considera todos os investimentos, custos, despesas e receita que será gerada. Em um mercado cada vez mais competitivo, é fundamental ter um preço atraente e serviços de alta satisfação para garantir um melhor volume de fidelização.
Brasil Econômico – SP