Dayanne Sousa
Mônica Scaramuzzo
A Brasil Pharma, braço de varejo farmacêutico controlado pelo BTG Pactual, poderá receber novo aporte de capital do banco, segundo fontes consultadas pelo Broadcast’, serviço em tempo real da Agência Estado’.
Em um amplo processo de reestruturação desde 2013, a companhia anunciou, no mês passado, nova mudança no comando da companhiaa segunda troca em 12 meses.
Os recursos terão como finalidade melhorar o caixa da companhia diante do aumento da alavancagem e necessidade de investimentos na integração dos negócios.
O valor da possível injeção de capital ainda não está definido.
As ações da companhia subiram 21,74% ontem, negociadas a R$ 0,84, com a expectativa desse novo aporte.
No fim do mês passado, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou o rating (nota) da Brasil Pharma para BBB- (bra), saindo de A-(bra).
Ao mesmo tempo, a agência colocou sua nota em observação negativa.
A classificadora considerou que tais ações de rating refletem a contínua incapacidade de a Brasil Pharma restaurar sua geração de caixa operacional para patamares positivos e que sustentem a continuidade de suas atividades.
A Fitch chegou a afirmar que considera altamente provável o contínuo suporte do BTGl, que tem histórico de aportes na companhia no total aproximado de R$ 715 milhões desde 2010.
O BTG detém cerca de 37% do capital da Brasil Pharma, a Petros (fundo de funcionários da Petrobrás) outros 10%, sócios fundadores com 12%, e o restante das ações está em circulação no mercado.
Outras formas de estruturação de capital, como emissão de debêntures (títulos da dívida) e alongamento da dívida, não estão descartadas.
A empresa, que já foi assediada por grupos estrangeiros e nacionais, busca melhorar a valorização de seus ativos para retomar negociações, de acordo com fontes.
Procurada, a Brasil Pharma informou que desconhece as origens da informação e afirmou que o estudo sobre a estrutura de capital da empresa segue em andamento.
O BTG não comentou.
Nova direção. Sob o comando de Paulo Gualtieri, sócio da Enéas Pestana & Associados, do executivo Enéas Pestana, ex Grupo Pão de Açúcar (GPA), desde o fim do mês passado, ele tem a missão de acelerar o processo de reestruturação da rede varejista, que era presidida por José Ricardo Mendes da Silva, ex-farmacêutica Aché.
Não faz sentido uma empresa de varejo farmacêutico do porte da Brasil Pharma não ter boa performance. É preciso acelerar o processo de integração das bandeiras e logística, reformular o chão de fábrica, a experiência de compra do consumidor, disse uma fonte aoEstado.
Em 2014, a companhia encerrou compre juízo líquido de R$ 613 milhões, 300% maior que o ano anterior, e receita de R$ 3,8 bilhões, aumento de 9% sobre 2013.
A rede Big Ben é responsável por quase metade das vendas da varejista e não está integrada à companhia.
Criada em 2009 para ser uma das maiores redes do País, a Brasil Pharma foi uma das principais consolidadoras desse setor, entre 2010 e 2012, com a compra de redes em diversos mercados regionais, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A companhia atua hoje com as bandeiras Big Ben, Farmácia Sant’ana, Rosário, Mais Econômica e Farmais.
Fontes de mercado afirmaram que o processo de integração dessas redes nunca ocorreu de forma efetiva, o que afetou os resultados da companhia.
O sinal vermelho acendeu no primeiro semestre do ano passado quando a rede não conseguiu chegar a um acordo com seus credores e teve de pagar antecipadamente uma dívida de cerca de R$ 560 milhões em debêntures (títulos de dívida), emitidas entre 2012 e 2013, por ter descumprido as metas de endividamento por dois trimestres consecutivos.
Com novos administradores, a Brasil Pharma tenta nova arrancada.
A consultoria de Enéas Pestana tem 60 dias para apresentar um diagnóstico da empresa e acelerar a recuperação da companhia.
Procurada, a consultoria preferiu não se manifestar.
COLABOROU ALINE BRONZATI
O Estado de S. Paulo on-line – SP