18/03/2015 14:41
Por João José Oliveira
SÃO PAULO As viagens de lazer vão ser responsáveis pela maior parte do crescimento da demanda no
transporte doméstico de passageiros no Brasil neste ano, disse a presidente da TAM, Claudia Sender, durante
teleconferência de analistas nesta quartafeira. A demanda corporativa deve permanecer estável, disse a
executiva, citando o contexto macroeconômico de baixo crescimento como responsável por essa expectativa.
Claudia Sender disse que a companhia vai ser flexível para atender uma demanda de viagens de lazer sem perder a
liderança no mercado corporativo a TAM detém 33% das vendas de viagens de negócios.
No último trimestre de 2014, a companhia registrou aumento de 5,2% no tráfego no Brasil, elevando em 2,7% a
oferta, obtendo uma taxa de ocupação nos voos de 83%, ou 2 pontos percentuais acima do apurado em igual
período de 2013.
Segundo Sender, a TAM vai maximizar a parceria que tem desde o ano passado com a aérea regional Passaredo,
de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A Passaredo dá conectividade a rotas regionais, como Sinop e
Rondonópolis, exemplificou Claudia, com cidades em Mato Grosso, sobre destinos que a TAM passa a ter acesso
com o acordo de compartilhamento de voos (codeshare), assinado em dezembro do ano passado.
A presidente da TAM apontou que o aeroporto de Ribeirão Preto vai ganhar importância na medida em que a
demanda ganhar densidade. A executiva disse que a companhia vai operar com uma frota voltada para esse
mercado, a princípio, com os modelos Airbus A319. Mas afirmou que a empresa vai incorporar à frota modelos
menores para atender destinos de menor densidade.
A TAM serve atualmente dez destinos considerados regionais. Essa malha será ampliada na medida em que a
TAM identificar demanda ou após a efetivação do programa de aviação regional, que o governo prometeu lançar,
com subsídios e investimentos de até R$ 7,4 bilhões em 230 aeroportos secundários.
Para 2015, a Latam, controladora das companhias aéreas TAM e LAN, planeja manter a oferta estável para o
mercado doméstico brasileiro em relação a 2014. Já nos voos internacionais e nas rotas domésticas dos países de
língua espanhola, a meta é elevar a capacidade entre 4% e 5%.
Retorno
O yield, que é quanto a companhia aérea recebe por passageiro embarcado na média por quilômetro voado, deve
permanecer estável ao longo deste ano na aviação comercial na região da América Latina, apontou a diretora de
relações com investidores da Latam, Gisela Escobar.
Os combustíveis estão mais baixos, mas há custos mais altos em moedas locais por causa da apreciação do
dólar, disse a executiva. No último trimestre de 2014, o yield apurado pela Latam foi 11,2% menor que um ano
antes, atingindo US$ 0,074. Já os custos com combustíveis caíram 6,8%, refletindo a diminuição de 15,6% no
preço médio do combustível (excluindo os custos de hedge) e um consumo 0,2% menor.
Segundo a diretora da Latam, os yields nos mercados domésticos de língua espanhola continuaram pressionados
pela desaceleração econômica em diversos países da região, além da depreciação das moedas
locais, principalmente o peso chileno e o peso argentino, que caíram 14,6% e 39,1%, respectivamente, no quarto
trimestre de 2014 ante igual período de 2013.
Efeito cambial
A Latam tem neste primeiro semestre de 2015 uma exposição à variação do real calculada em US$ 375 milhões,
informou a diretora de relações com investidores. Para essa exposição à volatilidade cambial, a Latam tem
operações no mercado futuro de derivativos a uma taxa média de R$ 2,83 por dólar.
A exposição ao real é resultado de um descasamento entre receitas e despesas na moeda brasileira. Enquanto 30%
das receitas, da ordem de US$ 12,5 bilhões, são em reais, os custos na moeda brasileira representam 24% da
holding, ou US$ 12 bilhões.
Assim, a depreciação do real afeta mais a receita que a despesa. Tanto que a Latam teve uma perda com variação
cambial de US$ 130,2 milhões (R$ 331,2 milhões) em 2014 e de US$ 482,2 milhões (R$ 1.226,6 milhões) em 2013,
principalmente em função da desvalorização do real.
Além do faturamento em reais, a Latam tem 57% da receita em dólares e 13% em outras moedas. No lado da
despesa, 67% são em moeda americana e 9% em outras divisas que não real nem dólar.
Valor Econômico on-line – SP