17/03/2015 RAFAEL ROJAS FILHO – Diretor da Target Sistemas Os hábitos de consumo sempre moldaram a dinâmica de toda a cadeia de abastecimento. De modo geral, hoje, as lojas de vizinhança têm se tornado, cada vez mais, a opção simples, rápida e conveniente de compra dos consumidores brasileiros. E, ao contrário do que era comum no passado, trabalhar com grandes estoques não é mais prioridade para os empresários. Agora, as palavras de ordem são atendimento, mix adequado e proximidade ou, simplesmente, conveniência. Essa forma de atuação da cadeia de abastecimento foi estimulada pelo fim da inflação e os diversos cenários econômicos pelos quais o Brasil passou nos últimos anos, o que ocasionou, também, a mudança de comportamento da população. Hoje, em vez das grandes compras nos hipermercados, o mais comum é o consumidor realizar compras menores e mais frequentes, muitas vezes apenas para a reposição de alguns produtos. Nesse contexto, tanto a indústria como o próprio varejo precisaram se adequar, ampliando as exigências sobre o distribuidor. Os varejistas passaram a realizar pedidos menores e mais freqüentes aos fornecedores. A indústria, por sua vez, sempre preocupada em garantir a presença dos produtos no ponto de venda, tem exigido distribuidores organizados e comprometidos, capazes de trabalhar o conceito de cobertura numérica, levando seus produtos a um número cada vez maior de pequenos pontos de venda. Lembrando que, segundo pesquisa Nielsen, de junho de 2013, o consumidor que não encontra o produto procurado na gôndola, em cerca de 70% dos casos, troca de marca. Essa realidade torna a distribuição uma das etapas mais importantes do processo, pois estamos falando de mais de 1,2 milhão de pontos de vendas em todo o país. Porém, esta pesquisa expõe um agravante muito importante. A falta do produto na gôndola de um hipermercado certamente levará o consumidor a trocar de marca, pois está refém do mix disponível. Por outro lado, se esse evento acontece no pequeno varejo, nada impede o consumidor de atravessar a rua e buscar o produto desejado em outra loja. O que ele não encontrar num supermercado, por exemplo, pode encontrar numa farmácia ou padaria próximas, também com preços competitivos e bom atendimento. Isso mostra que o mix adequado por canal é algo ainda mais importante para o pequeno varejo. Outra pesquisa, dessa vez do Sebrae, aponta que as lojas de vizinhança cresceram 63% nos últimos cinco anos, invertendo a participação destes dois segmentos nos números do varejo. Há dez anos, as grandes redes eram responsáveis por 36% das vendas e, atualmente, não passam de 22%. Já as lojas de vizinhança, que representavam 30%, segundo pesquisa da GFK, já respondem por mais de 40% do volume de vendas em alimentos, higiene, limpeza e perfumaria. Esse crescimento fez com que grandes redes tenham criado lojas com características de vizinhança, algumas com novas bandeiras, como: Minuto e Mini Extra (GPA), Smart (Grupo Martins), Carrefour Express, Dia Market e o próprio Wall Mart. Além de se profissionalizar e fortalecer seus diferenciais de conveniência, o pequeno varejista precisa ser abastecido uma ou até duas vezes por semana. Esse nível de serviço é fundamental para que o pequeno e médio varejista garantam satisfação e fidelize cada vez mais seus clientes.
Brasil Econômico – SP