06/03 às 16h35 – Atualizada em 06/03 às 16h39
Jornal do Brasil
Os 114 milhões de brasileiros da classe C devem movimentar R$ 1,35 trilhão em 2015. A massa de renda da classe média, representada por 56% da população, cresceu 71% na última entre 2005 e 2015. Em 2005, o poder de consumo da classe C era de R$ 791,47 bilhões. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (5), em São Paulo, por Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular, durante o Fórum Super Mercado Classe Média.
Com o crescimento do poder de compra, os brasileiros da classe C, com renda per capita de R$ 338,01 a R$ 1.184, passaram a ter acesso a bens e produtos antes exclusivos da elite. O Brasil cresceu substancialmente nos últimos 10 anos. E o poder de compra da classe média aumentou graças à geração do emprego formal e do empreendedorismo, que vai levar o País adiante, destacou Meirelles. O estudo mostra que 24% da classe C têm a intenção de abrir o próprio negócio em até três anos.
A pesquisa apontou que a renda dos 25% mais pobres foi a que mais cresceu na última década, chegando a um aumento de 42%. Já a renda dos 25% dos mais ricos subiu 13% no mesmo período pesquisado. Meirelles também comparou a classe média brasileira com a de outros países e destacou que esse estrato da população norte americana é mais rica que 89% da população mundial. Já a classe média brasileira é mais rica que 52% da população mundial e 19% das pessoas no mundo vivem com renda superior a R$ 1.184. Não é o Brasil que é desigual. O mundo é desigual, afirmou o presidente do Data Popular.
Otimismo
Na pesquisa, 53% dos brasileiros da classe média afirmaram que a vida melhorou em 2014, graças ao próprio esforço e ao trabalho e a família. Porém, a percepção de melhora do País não acompanha a sensação de melhora da vida pessoal. Enquanto, 53% acreditam que a vida pessoal vai melhorar, apenas 31% disseram que a situação econômica do Brasil vai melhorar.
Driblando a crise
Para driblar a alta dos preços, a classe média tem adotado várias medidas como forma de reduzir os gastos no supermercado. Hoje, a classe C compra produtos de marcas baratas, deixa de consumir alguns itens e reduz a quantidade dos produtos, destacou Meirelles. A pesquisa também mostrou que 62% da classe C estão buscando uma renda extra, 81% economizam nas contas de água, luz e telefone, 79% comparam mais os preços e 42% da classe média já está fazendo bico’ para complementar a renda.
O estudo do Data Popular também revelou que, entre 2010 e 2014, mais que dobrou o percentual de pessoas da classe C que pegaram dinheiro emprestado. Em 2010, eram 9%. Já no ano passado o percentual subiu para 19%. Houve aumento também no número de pessoas que compraram produtos e deixaram para pagar depois. Em 2014, 31% compraram fiado, contra 27% em 2010.
Na hora do aperto, mais pessoas da classe C passaram recorrer a amigos e parentes para conseguir saldar dívidas e efetuar as compras. Em 2014, 26% disseram que algum parente ou amigo pediu o cartão de crédito emprestado ou o nome como garantia para compra. Em 2010, eram 12%.
Relação com produtos financeiros
A classe C brasileira é maioria absoluta entre as pessoas que possuem cartão de crédito – 51% (classe média), 37% (classe alta) e 11% (classe baixa). Na classe média, 53% têm conta corrente. Meirelles destacou, ainda, que no Brasil as pessoas que não têm conta bancária movimentam cerca de R$ 600 bilhões por ano.
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