23/02/2015 05:00
Por Rodrigo Polito
Os indicadores do Sistema Interligado Nacional (SIN) em fevereiro estão se configurando de maneira melhor do que a esperada no início do mês. Com isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ganha um pouco mais de fôlego para operar a rede, mas a situação ainda inspira atenção. Com a ocorrência de um volume de chuvas acima do esperado neste mês, o órgão projeta que o total de afluências no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, alcance 58% da média histórica para o período.
O indicador é superior aos 52% previstos na primeira semana do mês e que os 49% estimados pelo instituto de meteorologia Climatempo. Dessa forma, os reservatórios das hidrelétricas das duas regiões, que concentram 70% da capacidade de armazenamento de água para geração de energia do país, deverão chegar ao fim do mês com 21,2% da capacidade, contra os 20,1% esperados inicialmente pelo ONS. No cenário mais otimista, esse indicador pode chegar a 22,2% no fim de fevereiro. A meta do operador é que os reservatórios cheguem ao fim de abril com 30% de estoque, nível admitido pelo órgão para o fim do período chuvoso, sem comprometer o abastecimento energético do país. Outros dois fatores podem contribuir para os planos do governo na gestão do sistema.
O primeiro é a ampliação da geração de energia termelétrica ao longo de fevereiro. O segundo é a previsão de um consumo de energia menor que o esperado no mês, devido à desaceleração do ritmo da economia, à ocorrência de temperaturas mais baixas e à realização do carnaval. Com relação à geração termelétrica, o ONS prevê que para esta semana a produção de 17.431 megawatts (MW) médios de energia de térmicas a gás natural, carvão, óleo combustível e nuclear. O valor vem aumentando gradativamente desde a primeira semana do mês, quando foram produzidos 16.708 MW médios de fonte térmica. O sistema ganhou a contribuição da termelétrica de Uruguaiana, da AES, acionada antes do carnaval, que está produzindo 480 MW médios, a partir de gás natural liquefeito importado pela Petrobras e regaseificado na Argentina, de onde vem por dutos.
Com relação à demanda, o ONS reduziu a previsão do consumo de energia no sistema em fevereiro, de 69.386 MW médios para 67.589 MW médios. Com isso, o operador ampliou a previsão de queda do consumo de energia em fevereiro, em relação a igual período de 2014, de 0,7% para 2,9%. Outra alternativa em estudo é a importação de energia de países vizinhos. Segundo o site especializado no setor elétrico “Canal Energia”, o governo brasileiro negocia com o Uruguai um acordo para importar entre 250 MW e 500 MW de energia do país vizinho. A informação, segundo o site, foi dada pelo presidente da Eletrobras, José Carvalho Neto. Procurados, o Ministério de Minas e Energia e a estatal não se pronunciaram sobre o assunto até o fechamento desta edição. Em janeiro, o Brasil chegou a importar energia da Argentina para auxiliar o atendimento à demanda no horário de ponta.
Valor Econômico – SP