Planos da rede supermercadista incluem projeto de energia solar, semelhante ao utilizado por sua controladora, o Grupo Casino, e medidas mais eficazes de refrigeração em suas lojas no país
Erica Ribeiro
eribeiro@brasileconomico.com.br
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) inicia este ano um projeto de eficiência energética que visa reduzir o consumo de energia elétrica nas lojas da rede no país.
Com duas frentes de atuação, a empresa está trabalhando na automação dos sistemas de refrigeração e de ar-condicionado, além do fechamento com vidros dos balcões verticais e ilhas horizontais nas lojas.
O recurso é usado em filiais do Casino controlador do GPA em Paris e, no caso de um hipermercado, pode reduzir em até 25% os gastos com energia.
Fizemos a implantação destas ações em três unidades do GPA (as redes Extras Hiper de Osasco, Morumbi e Ricardo Jaffet, todas em SP), e mais 20 lojas devem receber o mesmo tratamento no início de 2015. O objetivo é encerrar o ano com mais de 100 hipermercados com essas soluções implementadas, diz o CEO do GPA, Ronaldo Iabrudi.
Outra iniciativa, também em fase inicial de implantação, é o uso de placas solares.
O projeto-piloto do sistema já opera em duas lojas, sendo uma da bandeira Assaí, de atacado, e outro do Extra Hipermercados, ambas em Várzea Grande (MT).
Iabrudi acrescenta que as medidas fazem parte do trabalho do comitê anticrise, criado para projetar cenários adversos no período da Copa do Mundo, e que foi mantido depois do evento.
No ano passado, antes da Copa, criamos um comitê anticrise, inicialmente com a preocupação com manifestações e seus desdobramentos. De uma maneira intuitiva, resolvemos manter o comitê e começamos a trabalhar com ações relacionadas à energia elétrica. Em setembro do ano passado decidimos pelo projeto de eficiência energética que, este ano, chegará a 180 lojas que apresentam os maiores custos de energia, explica Iabrudi.
Com relação ao programa de geração de energia solar, o executivo do GPA se limitou a dizer que os resultados ainda serão mensurados, com base nas duas lojas do Mato Grosso escolhidas para o projeto-piloto.
Estamos trazendo placas importadas da China. Vamos avaliar sua eficiência, os custos, para depois então iniciar a expansão deste projeto a partir de 2016. Mas vamos fazer cotações com vários fornecedores, acrescentou Iabrudi.
Em dezembro de 2013, os executivos do GPA e do Casino, em uma visita às lojas do grupo em Paris, informaram que a Green Yellow, subsidiária de energia do Grupo Casino também, entraria no mercado brasileiro a partir de 2014.
Na França, aproximadamente 10% do consumo de energia das lojas do Casino são resultado do uso de energia solar gerada pela Green Yellow.
Ao todo, 55 lojas da redeno país usam energia solar.
Com relação à crise hídrica, Iabrudi acredita que não terá problemas para enfrentar a falta de água em estados como São Paulo, por exemplo.
Ele adiantou que muitas das lojas do GPA têm poços artesianos e outros estão sendo construídos.
Sobre o atual momento macroeconômico, o CEO do GPA foi enfático em dizer que, em momentos de crise, não há melhores chances de se criar oportunidades.
E é nessa linha de raciocínio que ele aposta em crescimento em 2015.
Em momentos de crise temos oportunidade de consolidar posições no mercado. No ano passado e no ano retrasado, era muito difícil crescer porque a burocracia para comprar terrenos, construir e conseguir licenças ambientais, demandava mais tempo do que a construção de uma loja em si. E o volume de empresas disponíveis para construir era menor, aliado a um custo maior. Agora, estamos diante de uma oportunidade. Nesse momento, o custo do terreno e do aluguel caiu, as construtoras estão mais disponíveis e a burocracia está menor, afirma ele, acrescentando que a empresa está preparada para investir o mesmo e crescer mais do que em 2014.
Diante de uma projeção de baixo crescimento, ou nenhum crescimento, da economia brasileira e o repasse em torno de 8% nos preços por parte da indústria para o varejo, Iabrudi afirma que confia na relação de longa data que tem com seus fornecedores para garantir margens favoráveis ao seu negócio.
E afirma que a sua inflação interna, resultado de uma política de redução de custos e negociações bem planejadas, costuma ser menor do que a do mercado, o que favoreceria a empresa na venda ao consumidor.
Temos percebido uma preocupação em repasse de preços, mas nossa inflação interna foimenor do que a inflação oficial. E entendemos que, em momento de pico, pela relação de longa data com fornecedores, conseguimos uma boa negociação, diz.
No varejo não alimentar, Iabrudi comenta que o grupo vê na fidelização de clientes o caminho para manter as vendas e driblar o momento de baixa confiança do consumidor no futuro da economia.
Temos clientes fiéis que compram há cinco, dez, 15 anos, na Casas Bahia, Ponto Frio e agora CNova. Não temos problemas com inadimplência. E, para, eles vamos ter sempre preços competitivos, aliando a atendimento e contato direto com o cliente, garante.
Brasil Econômico – SP