11/02/2015 Boas perspectivas de longo prazo do setor atraem fundos de private equity Empresas de private equity como a KKR, a Apax Partners e o Carlyle Group estão buscando oportunidades para investir em hospitais no Brasil, um setor que até o momento não foi prejudicado pela queda do mercado e pelo maior escândalo de corrupção do país. Para Tracy Francis, consultora da McKinsey, os dados demográficos favoráveis indicam que o setor hospitalar brasileiro tem perspectivas de longo prazo melhores que as de muitos outros mercados. Isso inclui o envelhecimento populacional, que impulsionará a demanda por cuidados de saúde. A projeção é que o grupo etário de pessoas com 60 anos ou mais responderá por 24% da população total até 2040, contra 10% em 2010, segundo uma apresentação da McKinsey, que usou dados do IBGE. Se você considerar o crescimento da classe média, as aspirações das pessoas cresceram mais rapidamente do que o sistema conseguiu comportar, disse Tracy. Mesmo no contexto de uma desaceleração macroeconômica, a percepção de que você pode entrar em um mercado pouco atendido que ainda tem alguma tendência de crescimento e que consolida isso é uma lógica muito atrativa. O interesse da Apax em comprar hospitais foi confirmado por um dos sócios da companhia, Walter Piacsek, que destacou que muitos investidores consideram a oportunidade no setor de hospitais atrativa demais para ser perdida. Existe uma demanda reprimida por serviços de saúde no Brasil, disse Piacsek. Trata-se de um setor que exige muitos investimentos no Brasil e há muitas pessoas não apenas investidores, mas grupos estratégicos, grupos hospitalares que gostariam de entrar no mercado brasileiro. O país possui dezenas de milhões de candidatos a pacientes que chegaram à classe média quando a economia do Brasil estava em forte expansão por causa da alta das commodities. O sistema de saúde pública enfrenta dificuldades para acompanhar o ritmo do crescimento populacional, o que estimula investimentos em empresas de saúde privadas, segundo Tracy, da McKinsey. O grupo hospitalar Rede D’Or São Luiz, que tem sede no Rio, pode estar entre os primeiros alvos, segundo duas fontes familiarizadas com a situação. A operadora de hospitais está avaliando um aumento de capital para financiar o crescimento, o que poderia atrair investidores para a fatia minoritária, inclusive o Carlyle, disse uma das fontes. A Rede D’Or disse, por e-mail, que mantém os planos de expansão e investimentos em seus hospitais no país e que acredita que a medida é positiva porque deverá atrair novos investimentos para o país. Disse também que a legislação não traz qualquer mudança para a operação da Rede DOr São Luiz. Embora a Rede DOr, de capital fechado, não revele seus resultados, seu site afirma que a empresa é a maior operadora de hospitais independentes do Brasil, com 25 hospitais e 4.000 leitos. Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização haviam mais que dobrado até 2011, para R$ 328 milhões (US$ 118 milhões), contra R$ 130 milhões três anos antes, segundo o prospecto para uma venda de bonds de 2013. A Lei nº 13.097, sancionada pela presidente Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União em 20 de janeiro, passou a permitir a participação de empresas de capital estrangeiro em serviços de saúde no Brasil, como hospitais, clínicas e laboratórios, por meio de participações diretas, indiretas eaté mesmo controladoras. Procurados, Advent, KKR e Carlyle não quiseram comentar.
Brasil Econômico – SP