06/02/2015 às 05h00
Por Fernanda Pires | De Santos
Antevendo um cenário de escassez de água, terminais portuários em Santos e indústrias em Cubatão (SP) adotaram nos últimos anos programas de recuperação e reúso. Mas, diante do agravamento da crise hídrica, estão ampliando medidas para economizar água. A Embraport, terminal de contêineres inaugurado em 2013, está implantando dois projetos para tratamento e reúso. Ambos já estavam previstos, mas agora entraram na lista de prioridades, diz a empresa. Trata-se de uma estação de tratamento para 10 mil litros de água por dia. O sistema prevê que 100% da água utilizada no terminal para lavagem de equipamentos retorne à estação. A água é filtrada e devolvida limpa ao reservatório para novos usos. O segundo projeto é um gerador de água de reúso que funciona a partir do efluente tratado na estação de tratamento de esgoto. Com capacidade para 20 mil litros por dia, tratará todo o esgoto, devolvendoo para uso na limpeza em pátios e canaletas, entre outros. A previsão é que os dois projetos estejam em funcionamento em um mês. O investimento inicial é de R$ 210 mil. A Santos Brasil está investindo em um sistema de tratamento terciário de esgoto que salvará 1,2 milhão de litros de água por dia para reúso. O volume alimentará um dos vestiários do Tecon Santos, cujo consumo é de 40 mil litros por dia. A sobra será destinada para aumentar a capacidade para combate a incêndio e irrigar a área verde. O investimento é de R$ 100 mil. Outros R$ 800 mil já estavam sendo destinados para melhorar a rede de tratamento de esgoto, com a duplicação da capacidade de atendimento para quatro mil pessoas com um novo sistema de baixo consumo energético. A unidade de logística também inovou em 2014. Adotou a lavagem a seco da frota própria de 143 caminhões e 228 semirreboques, procedimento que economiza aproximadamente 110 mil litros de água por semana. A medida evita ainda a emissão de poluentes na atmosfera, “pois os caminhões agora são lavados dentro da Santos Brasil” , explica Hemerson Braga, gerente de meio ambiente. Com a queda dos níveis dos reservatórios, a Libra Terminais Santos ampliou as medidas deflagradas em 2009, quando lançou um projeto de redução de consumo de água e lançamento de efluentes. Em 2014, investiu R$ 400 mil em uma máquina varredeira, que não utiliza água, para a limpeza dos pátios do terminal. “A próxima ação será programar a limpeza dos dois armazéns com a água das caixas d’água que seriam descartadas para a higienização programada destes reservatórios” , afirma Marcos Medeiros, diretor de operações. A Libra acabou de ampliar a estação de tratamento de água para reúso, com isso ela pretende ampliar o uso da água da lavagem de equipamentos. A estimativa é que entre 2009 e 2014 a empresa tenha economizado 64 milhões de litros de água. A Stolthaven Santos, terminal de líquidos, vem se preparando para a falta de água há cerca de dez anos. “Trabalhamos no ‘day before’ e não no ‘day after'”, diz o gerentegeral da empresa, Mike Sealy. Em 2006 a empresa, de origem norueguesa, lançou um planejamento para racionalizar o consumo e enfrentar a escassez do recurso. Como o terminal armazena líquidos inflamáveis a preocupação era aumentar o estoque para combate a incêndio. Em 2008 ficou pronto um grande reservatório para quase 5 milhões de litros de água, mais que o dobro da oferta então existente. Hoje são quase 7 milhões de litros de água, a maior reserva da região, diz Sealy. O plano de recuperação de uso de água também introduziu o reúso no terminal. A empresa instalou um circuito de canaletas e dutos que conduzem a água da superfície a dois tanques com capacidade nominal para 30 mil litros. O recurso é aproveitado na limpeza e para regar plantas. Outro tanque, de 100 mil litros, armazena a água da chuva captada pelo telhado. Um segundo tanque com a mesma oferta será integrado ao sistema até junho. E mais dois até 2018. Foram instalados também hidrômetros nas principais áreas do terminal, para cortar excessos. Entre 2011 e 2014 a Stolthaven economizou 44% de água na área 1& 894; 8% na área 2& 894; e 51% na 3. No píer de atracação, a queda foi de 31%.
Valor Econômico – SP