16/01/2015 – 05:00
Por Eric Platt
A Target abandonou suas operações no Canadá ontem, após não ter conseguido fazê-las voltar à lucratividade. A medida pôs 17 mil postos de trabalho em risco e anulou o lucro da empresa no ano como um todo com uma baixa contábil de US$ 5,4 bilhões.
A varejista americana, conhecida por vender itens de moda para consumidores de renda média e baixa, não conseguiu captar o gosto canadense, e os executivos temiam que o empreendimento, iniciado há quatro anos, não conseguiria chegar à lucratividade por mais seis anos.
A Target, que opera 133 lojas no Canadá e emprega 17,6 mil pessoas no país, entrou com um “requerimento de proteção” sob a legislação canadense, num momento em que liquida o negócio.
A companhia prevê registrar um prejuízo de US$ 2,2 bilhões para o ano fiscal que se encerra no dia 31 de janeiro, segundo estimativas de Wall Street, após realizar a baixa contábil de US$ 5,4 bilhões no quarto trimestre.
Os custos para interromper as operações canadenses poderão alcançar não menos que US$ 600 milhões, e provavelmente incidirão sobre o próximo ano fiscal.
Brian Cornell, que assumiu no ano passado o comando da varejista de preços populares, a segunda maior dos Estados Unidos, disse que a rede não conseguiu encontrar um “cenário realista” no qual suas operações canadenses pudessem ser lucrativas até pelo menos 2021. “De todas as alternativas que avaliamos, está fora de dúvida que uma saída total do Canadá foi a mais difícil”, disse Cornell.
A expansão da varejista americana para o Canadá, que começou em 2011, com as primeiras lojas abrindo as portas em 2013, foi examinada de perto e monitorada pelas concorrentes americanas, que encaravam o país como um mercado inexplorado.
A rede de lojas de departamento de luxo Nordstrom abriu a primeira de seis lojas, com planos de introduzir sua divisão Rack, de baixo custo, nos próximos anos.
A Target informou que faria uma reserva de aproximadamente US$ 59 milhões, até a aprovação do tribunal, destinada a um fundo de funcionários que pagaria 16 semanas de salário a todo o quadro de pessoal.
Jason Kenney, ministro do Emprego e do Desenvolvimento Social do Canadá, afirmou que o governo tomaria providências “o mais rápido possível” para dar assistência aos atingidos por cortes.
O braço canadense da varejista americana, qualificado como “caótico” por alguns analistas, atraiu críticas desde o início, uma vez que a Target abriu lojas rapidamente, mas abasteceu as prateleiras com mercadorias que despertaram aversão dos clientes. Além disso, a Target irritou os consumidores pelos preços praticados no Canadá, superiores aos cobrados nos Estados Unidos.
Valor Econômico – SP