O Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar, pulou da 20ª para a 13ª colocação no ranking de 2014 das maiores redes do mundo e o Magazine Luiza entrou na lista das 50 varejistas que crescem de forma mais rápida globalmente (também em 13º lugar). Os dados foram divulgados pela consultoria Deloitte na maior feira mundial de varejo, realizada esta semana pela National Retail Federation (NRF), em Nova York, nos Estados Unidos. Apenas duas redes 100% nacionais aparecem no levantamento das 250 maiores cadeias do mundo.
Foram considerados resultados dos 12 meses encerrados em junho de 2014, quando foi registrado o pior ano em volume de vendas para o varejo nacional na década até outubro, o volume de vendas subiu 2,5%, segundo IBGE. “Apesar do ano difícil, algumas varejistas conseguiram colher resultados porque foram consolidadoras de mercado nos últimos anos, adquirindo negócios que as fizeram ganhar escala”, disse Reynaldo Saad, sócio da Deloitte no setor de varejo e bens de consumo.
Pelos dados, o crescimento do varejo latino está mais acelerado em relação ao resto do mundo. Mas isso não se traduziu em melhores índices de rentabilidade. As vendas líquidas das varejistas latinas subiram 10,4% nos 12 meses estudados e 11,9% nos últimos cinco anos, em média. Para os dois períodos analisados, o índice latino-americano é o segundo maior entre todas as regiões (perde para África e Oriente Médio). Pelo relatório, porém, a margem de lucro líquida anual das redes na América Latina, de 3,4%, é apenas a quarta maior no levantamento, entre seis regiões pesquisadas. A margem nos países latinoamericanos só é maior do que a apurada nas redes de varejo da Europa (3,2%) e Ásia (3,2%). Na América do Norte, que inclui EUA, atingiu 3,5%. Baixo nível de lucratividade pode ser reflexo de ineficiências operacionais ou políticas agressivas de preço para defender participação de mercado, por conta do quadro de desaquecimento no consumo. Para a Deloitte, a desvalorização do real impediu a entrada de novas cadeias nacionais no ranking.
“Existem só duas redes de capital nacional na pesquisa, a Lojas Americanas e Magazine Luiza. Isso não deve mudar em 2015 por causa da expectativa de um câmbio ainda desfavorável e do cenário de consumo desafiador. É o ano de assistirmos, de janelinha, a recuperação do varejo americano”, diz Reynaldo Saad, sócio da Deloitte no setor de varejo e bens de consumo.
A Lojas Americanas, após recente recuperação em suas vendas online, aparece na 150ª colocação do levantamento global das 250 maiores cadeias, subindo 12 posições em relação ao ano anterior. Já o Magazine Luiza entrou, pela primeira vez, na lista, na 247ª posição. O Magazine ainda ocupou o 13º lugar no ranking das 50 redes com expansão mais acelerada nos últimos cinco anos (ela não aparecia no ranking anterior), por acumular taxa média de crescimento de 27,5% de 2008 a 2013. Mas a margem líquida é a quinta pior entre as 50 analisadas. Entre as redes estrangeiras, a francesa Casino (com quase 50% das vendas vindo do Grupo Pão de Açúcar), pulou sete posições, para a 13ª colocação, com receita líquida de US$ 63,46 bilhões nos 12 meses terminados em junho, ultrapassando a também francesa Auchan e o site Amazon.
Entre as varejistas online da lista, 56% são americanas (28 redes) e 19 são empresas europeias. Mercados emergentes têm cinco representantes o Brasil aparece com apenas uma empresa, a B2W, controlada pela Lojas Americanas. No grupo das 50 varejistas que crescem mais rápido no mundo, 15 são asiáticas e 9 americanas. As 250 maiores redes geraram receitas anuais de US$ 4,4 trilhões, disse Ira Kalish, economistachefe da Deloitte Research, na apresentação do estudo no domingo. No ano anterior, o valor foi de US$ 4,3 trilhões, portanto, alta nominal de 2,3%. O Walmart continua na liderança do ranking global, seguido da atacadista Costco e do Carrefour, ambos subindo uma posição. A britânica Tesco caiu do segundo para o quinto lugar.
Valor Econômico – SP