26/12/2014 VIVIANE DE CARVALHO LIMA – Advogada do Augusto Grellert Advogados Associados Diversas medidas devem ser adotadas pelo comércio varejista para garantir a sobrevivência durante a crise e também para sua expansão, apesar da indefinição das economias nacional e mundial. Não se pode ignorar que há indicativos que evidenciam que a economia brasileira não vai bem. O próprio Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reconheceu, em sua carta de conjuntura de outubro, que o Brasil vive um cenário de recessão técnica, após uma sequência de dois trimestres com queda no PIB. Na esfera varejista, os primeiros sinais de crise se mostram na medida em que esta, ainda que não tenha deixado de expandir, cresceu em proporção muito menor do que o esperado. De acordo com o IBGE, em estimativa divulgada pela revista Exame, por mais que as vendas no varejo tenham subido 1,1% em agosto sobre julho, se comparado com o mesmo período de 2013, há um recuo também de 1,1%. Some-se a isso a crescente desconfiança e endividamento dos potenciais consumidores que, diante do quadro socioeconômico, têm preferido conter gastos. Diante desse cenário, é imprescindível que o varejista não se deixe abater pelo alarde, mas encare a situação como uma oportunidade de se reinventar e traçar metas e medidas objetivas e racionais. Elas não apenas o ajudarão a contornar a crise, mas servirão como fator decrescimento. Entre as medidas, está a elaboração de um bom planejamento tributário. O objetivo é a programação antecipada do pagamento de tributos, sabendo exatamente quais são efetivamente devidos e em quais proporções. Isso evitará o pagamento indevido de determinadas obrigações, podendo-se, inclusive, reaver quantias eventualmente pagas a maior e minorar a carga tributária a ser suportada, dentro dos limites estipulados pela legislação. Trata-se de uma ação eficaz, que evita o inadimplemento e a conseqüente imposição de multas fiscais, bem como implicações criminais. Um bom gerenciamento de logística também é essencial. Essa ação evita excessos no estoque e a consequente danificação de mercadorias, o que acabará por culminar em uma redução nos custos de armazenagem e de transporte, bem como no gasto com a aquisição de produtos. Deve-se investir ainda em políticas preventivas, tais como treinamentos de equipe e transparência, de modo a garantir melhor tratamento ao cliente, levando-se em conta os ditames do Código de Defesa do Consumidor. Isso não apenas diminuirá o volume das ações consumeristas a serem suportadas como também incorrerá na fidelização do cliente. A preocupação com fornecedores e funcionários também merece atenção. No caso desses últimos, é interessante o investimento em bons planos de carreira, aptos a conferir-lhes satisfação e estabilidade, o que não somente diminuirá o fluxo das demandas trabalhistas como possibilitará que, desempenhando também o papel de consumidores, desvencilhem-se da desconfiança com o mercado e se sintam seguros para gradualmente voltarem às compras. Com a adoção dessas medidas, a crise, longe de provocar o naufrágio de diversos varejistas, se converterá em ótima oportunidade de reestruturação e alavanca para o crescimento mais sólido e fortificado do varejo. Servirá como excelente ocasião para fazer negócios.
Brasil Econômico – SP