Empresário comprou 10% da filial brasileira da rede francesa por R$ 1,8 bi
Brasileiro participará do conselho e deve ter participação ativa na gestão dos negócios do grupo francês no Brasil
TONI SCIARRETTA JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
O empresário Abilio Diniz, antigo dono do Pão de Açúcar, comprou 10% da filial brasileira do Carrefour por R$ 1,8 bilhão. Com esse negócio, a rede varejista francesa ganhou força para abrir o capital na Bolsa brasileira.
O acordo prevê que Abilio possa adquirir mais 6% nos próximos cinco anos. O empresário já era um dos maiores acionistas da matriz do Carrefour, com 2,4% de participação do capital.
O novo movimento de Abilio é outro passo na sua estratégia de diversificar investimentos desde que saiu do Grupo Pão de Açúcar, em setembro de 2013, após uma disputa pública com Jean-Charles Naouri, presidente do Casino –grupo, também francês, que comprou o Pão de Açúcar em 2005 e assumiu o controle em julho de 2012.
Ao sair da companhia, Abilio embolsou mais de R$ 2 bilhões. Seu primeiro movimento foi comprar ações da BRF e se tornou presidente do conselho da companhia.
Agora, com o Carrefour, Abilio sela um “casamento” prometido desde 2011, quando ele ainda comandava o Pão de Açúcar.
Naquele momento, o empresário tentou uma fusão financiada pelo BNDES e provocou a ira dos sócios do Casino, rivais do Carrefour.
Com a fusão, o Casino perderia o controle do Pão Açúcar, e isso foi considerado quebra de contrato.
PLANO
Nos bastidores, Abilio nega o revanchismo, mas não esconde seu “amor antigo” pelo Carrefour. Desta vez, a negociação, que começou em setembro, deu certo.
A filial brasileira do Carrefour patinava desde o fracasso da fusão planejada por Abilio e procurava uma forma de ganhar musculatura para disputar a liderança, que é do Pão de Açúcar.
“Abilio tem todas as credenciais para nos ajudar a encontrar novos investidores”, disse George Plassat, presidente mundial do Carrefour.
Com a entrada do empresário no grupo, as ações do Carrefour subiram 4% na Bolsa de Paris. Já os papéis do Pão de Açúcar recuaram 1,03%, enquanto o Ibovespa teve baixa de 0,4%.
Embora possa atrair novos investidores, a injeção de recursos feita neste momento por Abilio já é suficiente para dar impulso ao Carrefour.
Nos planos, está a abertura de capital, ainda sem data prevista. Os sócios só aguardam um momento mais favorável na Bolsa.
REFORÇO
No negócio, a unidade brasileira foi avaliada em R$ 20,4 bilhões –praticamente o dobro dos R$ 11 bilhões computados três anos antes.
Abilio terá direito a dois assentos no conselho do Carrefour e participará dos comitês de Recursos Humanos e de Estratégia para assessorar os executivos da varejista.
Em princípio, serão mantidos os principais executivos do Carrefour, mas é provável que Abilio leve profissionais de sua equipe para “aprimorar o que já existe de bom”.
“Só entramos em negócios em que podemos acrescentar. O meu conhecimento pode ajudar o Carrefour Brasil a se desenvolver mais”, disse.
Folha de S. Paulo – SP